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Antônio José de Sousa

1952 - 2020

Memorizava endereços com maestria e criava passeios só para estar na presença dos seus afetos.

Intenso na vida e cauteloso com quem amava, o representante comercial Antônio José de Sousa, conhecido como Tom Sousa, gostava de ser útil, de servir aos outros, principalmente quando a ajuda envolvia levar alguém para algum lugar.

Isso porque era um “exímio motorista” e passear sempre serviu de motivo para Tom garantir o convívio entre seus afetos. “Mesmo sem muita grana, ele inventava passeios a locais públicos só para ficar um tempinho conosco”, constata a primogênita Alyssandria. “Agora, na minha maturidade, cavava assuntos aleatórios só para ficarmos na presença um do outro”, acrescenta a filha, que traz no nome um pouco da irreverência de Antônio, que apreciava deixar sua marca e fazer coisas únicas. “Parece um nome único, que ele nunca me falou onde achou”, acrescenta. Além dela, Antônio também foi pai de Regazzony, Acácia Valéria e Maria Eduarda.

O gosto por transportar as pessoas de um lugar para outro também servia como oportunidade de Tom exercer outra habilidade impressionante: “memorizar endereços com maestria”. Ainda estava bem forte a lembrança da viagem a Santa Cruz dos Milagres (PI), realizada em outubro de 2019. “Fomos eu, ele, minha filhinha, minha companheira, um casal de amigos (os anfitriões) e a filha do casal. Acho que o Riacho São Nicolau e as capelas foram o que mais chamaram a atenção do meu pai”, acredita Alyssandria.

Música sertaneja era uma das suas paixões. Algo que ele vivia com tanta intensidade que gravava em vários pen drives as mesmas músicas só para garantir. Dos sucessos que ele insistia em salvar em cada pen drive, a música “Ainda sou o mesmo homem”, da dupla Zezé de Camargo e Luciano, reinava absoluta na preferência de Tom. O trecho “O meu amor é como enchente, feito rio de água corrente, planta que criou raiz” se encaixa perfeitamente em sua jornada pela vida.

Antônio nasceu em Curralinhos (PI) e faleceu em Teresina (PI), aos 67 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Antônio, Alyssandria Laudier. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Magaléa Mazziotti, revisado por Paola Mariz e moderado por Rayane Urani em 9 de agosto de 2020.