1954 - 2020
Tinha empatia sem igual, adorava viajar para a Argentina e fazia o melhor feijão e a melhor maionese do mundo.
Alegre e fã de música boa, Carlos poderia ser sinônimo de afeto e empatia.
Animado, gostava muito de música e tinha vários discos guardados. Amava Chitãozinho e Xororó e Roberto Carlos. Dançava sempre com as netas seu famoso “tantanti”.
Era sério, mas muito carinhoso com os que tiveram a oportunidade de desfrutar de um pouco de intimidade com ele. Sempre disposto a ajudar os que precisavam, fazia o possível por quem o procurasse pedindo sua intercessão pessoal. Ajudava com um sorriso largo e era possível sentir seu cheirinho de caridade do outro lado da rua. Seu combustível era diferente e especial, movido que era movido por empatia.
Realizava-se em pequenas atitudes, como jogar dominó com os amigos ou reunir-se com a família. Carlos sempre foi uma pessoa simples, inclusive na alimentação: satisfazia-se com um bom prato de arroz e feijão, uma boa farofada, uma maionese bem feita. Comia bananinha (pastel frito de banana com açúcar por cima) todos os dias e gostava muito de batata.
Sonhava conhecer a Itália. Gostava de viajar de carro para a Argentina, desfrutando das paisagens durante a viagem. Fez esse trajeto várias vezes. Em todas elas, ficava feliz e deslumbrado como se fosse a primeira vez.
Trabalhava na Assistência Social de Lages, onde era muito querido. Para Carlos o trabalho nunca era sacrifício, sempre era dádiva. Cumpriu com suas obrigações durante anos sem nunca reclamar ou desejar outro emprego, afastando-se apenas para cuidar de sua amada Márcia.
Aliás, é impossível falar de Carlos sem falar de Márcia e vice-versa. Os dois viveram um amor digno de novela das nove, mas sem vilão para atrapalhar. Dividiram as cenas belas e as amargas na companhia um do outro durante 37 anos. Com atitudes de galã principal, Carlos conheceu Márcia e adotou seus três filhos. Depois, acabaram acrescentando mais um brotinho de amor e a família ficou ainda maior. Os quatro filhos foram amados e corrigidos igualmente, sem nenhuma distinção. Carlos comemorou cada vitória dos filhos e chorou junto com eles nas derrotas. Foi mais que pai, foi um superpai. Depois vieram ainda os netos, quando à capa de superpai ele acrescentou outra por cima: a de superavô.
O casal construiu uma história de amor e afeto que se transformou no legado da família. Na jornada que trilharam juntos houve muitos percalços, mas os dias iluminados são os que valem a pena lembrar. Chamavam-se carinhosamente de “Cheiro” e arrancavam risadas das pessoas que acompanhavam as disputas na cozinha que os dois protagonizavam. Na novela de Carlos e Márcia, os sorrisos e o amor sempre acompanharam com prazer nossos queridos protagonistas.
Carlos partiu pouco depois de sua amada Márcia e a ela se juntou. Os familiares e amigos sentem saudade todos os dias. Ninguém dança “tantanti” como ele e as viagens para Argentina perderam um pouco do brilho. A saudade que os dois deixaram para os que os amavam é imensa e às vezes parece não ter fim. No fundo, porém, todos sabem que nenhuma dor é eterna, diferente do amor, que costuma se estender para além dos finais de novela. Foi assim com Márcia e Carlos. Um "final" digno de amor eterno.
A história da esposa de Carlos também está no Inumeráveis e pode ser encontrada buscando-se por Márcia Regina Ribeiro.
Carlos nasceu em Lages (SC) e faleceu em Lages (SC), aos 66 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela neta de Carlos, Isabella Ribeiro de Sousa. Este tributo foi apurado por -, editado por Bárbara Aparecida Alves Queiroz , revisado por Paola Mariz e moderado por Rayane Urani em 3 de março de 2021.