1983 - 2020
Tinha lindos cachinhos e um sorriso largo, e era, acima de tudo, uma mulher de fé.
Ela era doce e amável como poucas pessoas são. De uma família de quatro irmãos ─ dois homens: Claudemir e Cláudio, e duas mulheres: Claudenice e ela ─, Claudijane era mais unida ao mais velho, era o porto seguro de todos.
Foi morar com o companheiro de vida, José dos Santos, aos 18 anos. Juntos, tiveram os filhos Felipe, Tiago e Lucas. Era uma mãe incrível que estava sempre cuidando e se preocupando com eles, através de suas pequenas e grandes conquistas, ela se realizava. Era uma mãezona.
Os nomes dos filhos, todos bíblicos, foram escolhidos a dedo e significavam muito para ela. Religiosa fervorosa, cuidava das pessoas que amava através de atos e orações. Estava sempre rezando por alguém, pedindo proteção divina para os que necessitavam. Não lhe faltavam palavras boas, conselhos sábios, versículos bíblicos para quem precisasse. Era, acima de tudo, uma mulher de fé.
Sonhava em se casar. Depois de onze anos morando juntos, ela e o companheiro resolveram que era a hora de realizar esse desejo antigo. No dia do casamento, houve um pequeno acidente de percurso e o bolo chegou quebrado de um dos lados. A família se preocupou com a reação da noiva, pensando que ela ficaria arrasada pelo ocorrido. Quando viu o bolo, ela deu uma gargalhada e disse: “eita bolinho feio!” E foi terminar de se arrumar como se nada de mais tivesse acontecido. Nada abalaria Claudijane nesse dia. Já era tarde da noite quando Claudenice encontrou a irmã passeando pelo quintal com o vestido de noiva, e pediu para ela tirar o vestido. Claudijane disse que ainda não; aproveitaria até o último minuto seu vestido de casamento e sua festa. Esta, aliás, foi enorme. O casal vivia numa fazenda, e durante três dias comemoraram com amigos e familiares a escolha de caminharem juntos.
Militante de direitos humanos, não suportava ofensa ou intolerância alguma. Ofensas e preconceitos nunca eram bem-vindos em sua presença. Irritava-se com quem não respeitava o próximo, sendo ele conhecido ou não. Estava sempre lutando pelos direitos de todos.
Claudijane foi uma mulher incrível. Dona de belos cachinhos que enfeitavam sua cabeça, tinha uma beleza estonteante e um sorriso fácil que conquistava todos. Foi mãe, esposa, filha, irmã e amiga.
"Partiu deixando um legado de amor e fé por onde passou. Pessoas boas cumprem sua missão mais cedo. Aqui, fica a saudade de todos que tiveram a oportunidade de conhecer e conviver com a pessoa maravilhosa que ela foi", diz a irmã Claudenice.
Claudijane nasceu em Jataúba (PE) e faleceu em Recife (PE), aos 36 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela irmã de Claudijane, Claudenice Batista Viana Lima. Este tributo foi apurado por Lígia Franzin, editado por Bárbara Aparecida Alves Queiroz , revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 8 de fevereiro de 2021.