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Débora Cristina Araújo Fernandes

1964 - 2020

Amor, carinho, doçura, competência e responsabilidade.

Débora, falar sobre você não é difícil, o difícil é saber que não estás mais entre nós. Seja como profissional, seja como pessoa, sua vida foi pautada em amor, carinho, doçura, competência e responsabilidade. Por tantos anos fui sua paciente, que nossa relação se estendeu para uma amizade e, apesar da diferença de idade de 20 anos, nossas conversas eram maravilhosas. Não havia algo que não pudesse ser falado, você ouvia, acolhia, dava bronca, aconselhava, ajudava, cuidava... eu ansiava por nossos encontros semestrais. Falávamos sobre questões de saúde, viagens, planos para o futuro, vinhos, comidas, roupas, etc... Era uma diversão.

Como médica, conduziu sua profissão de uma forma tão linda, que chegava a ser meio mãe de cada paciente que hoje, como eu, se sente órfã da ginecologista/mãe que nos recebia sempre com um sorriso no rosto, fala doce e mansa, postura e competência sem igual, transmitindo tranquilidade até mesmo quando havia algum problema grave a ser tratado.

Como filha, sua mãe, Dona Maricel, sempre falou que você era tudo para ela. Mesmo com tantas coisas para dar conta, nunca deixou de cuidar da mãe, de ter um tempo para aquela que lhe trouxe ao mundo e que, infelizmente, hoje, sofre com sua ausência; assim também se tornou um pouco mãe da mãe.

Como esposa, viveu ao lado do seu grande amor. Construíram juntos uma família, tiveram três filhos e juntos orquestraram uma vida dedicada à família e à obstetrícia. Foram parceiros de profissão, de vida e de amor.

Como mãe, se era um pouco mãe de cada paciente, era mãe em dobro com seus filhos, que hoje devem ser gratos pelo privilégio de terem sido escolhidos para vir ao mundo através do seu ventre.

Débora, sua estadia aqui nesse plano foi curta, mas sua missão foi lindamente cumprida.

Descanse em paz. Jamais lhe esqueceremos.

Da sua paciente e amiga, Ana.



Debinha foi um daqueles seres humanos especiais que parecem realmente estar à frente do seu tempo e que vêm à Terra para ensinar, compartilhar e ajudar no processo de evolução das pessoas.

Sempre gentil, atenciosa, de fala mansa e carinhosa, era incapaz de brigar com alguém por qualquer que fosse o motivo. Talvez porquê, espiritualizada como era, devota de Sant’Ana de Caicó, padroeira da cidade de Caicó, onde nasceu, acreditava que “como as pessoas te tratam é o carma delas. E como você reage, é o seu”, como ela mesma dizia.

Médica ginecologista, pensava em se especializar em Medicina Nuclear, mas o amor falou mais alto. Ainda durante a faculdade, apaixonou-se pelo homem que seria o futuro marido e, por esse amor, optou por uma especialidade disponível em Natal para não precisar se ausentar.

Querida pelos pacientes, costumava dizer que cada criança que colocava no mundo era filho seu também. E como uma verdadeira mãe, mesmo na pandemia, não saiu de perto deles. Enquanto pedia para que seus familiares se resguardassem em casa, seguia ela, indo aos hospitais, dedicando seus dias a cuidar de quem necessitava.

Filha amorosa de Maricel e Cleofas (in memoriam), irmã cheia de cuidados com Angela e com o caçula Cleofas Junior, a quem chamava carinhosamente de “minha metadinha”, esposa dedicada e mãe zelosa de Paulo Victor, Pedro Henrique e Vanessa Cristina, construiu com Paulo Roberto um lar fundamentado no respeito mútuo, no amor e na entrega recíproca. Amaram-se muito, assim como aos filhos.

Sempre que podia, programava viagens (para si e aos mais próximos), estava com a família e amigos ou buscava na internet dicas de cosméticos bons e baratos. Louca por croissants e apaixonada por portas antigas, em suas viagens, sempre dedicava muito tempo às padarias e aos passeios a pé para observar as fachadas.

Em 2017, fez uma viagem maravilhosa apenas com a irmã e a mãe. Programou cada detalhe, como se soubesse que aqueles dias ficariam marcados para sempre, acalentando seus corações saudosos com sua partida. “Hoje, temos certeza que Deus nos presenteou com aquela viagem. Tivemos o privilégio de nos ‘despedir somente entre nós’”, conta a irmã.

Debinha tinha realmente este dom de tornar os momentos muito mais divertidos e leves. Apesar da aparência delicada, sempre foi muito forte e determinada, deixando um lindo legado de amor, respeito ao próximo e dignidade.

Na cidade de Natal, pacientes, familiares e inúmeros amigos, lhe prestaram lindas homenagens. Que sejam eternas, como será Debinha!

“Te amo profundamente e definitivamente. De todos os mundos. Em breve nos reencontraremos e seremos sempre nós quatro”, promete Angela para a irmã, cujo sorriso, jamais será esquecido.

Débora nasceu em Caicó (RN) e faleceu em Natal (RN), aos 56 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela amiga e pela irmã de Débora, Ana Costa e Angela Catharine Fernandes e Araujo. Este texto foi apurado e escrito por Ana Costa e Fernanda Queiroz Rivelli, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 30 de dezembro de 2020.