1967 - 2020
Policial gente boa com coração de menino e alma leve, andava pela cidade de bicicleta, espalhando sorrisos.
Décio era um policial militar que tinha a cara do Vin Diesel. Extremamente descontraído, não havia uma pessoa que passasse por ele e não se contagiasse com sua felicidade. Enquanto fazia a ronda pelo bairro, todos o cumprimentavam: sempre brincando com os outros, espalhava sorrisos por onde passava.
Depois de sua partida, uma vizinha chegou a dizer que a alegria de seu caminho não havia mais: sua missão era colorir a vida das pessoas. Toda vez que tomava banho, cantarolava alto e os que moravam ao redor podiam ouvi-lo. Quando não cantava músicas da Legião Urbana, banda da qual era fã, fazia paródias engraçadíssimas.
Tinha uma alma leve, muito leve: aprendeu com os percalços da vida que o que mais vale a pena é viver bem, com bom humor e alegria. Não dava espaço para comportamentos ranzinzas.
Quando chegou a primeira filha, ficou claro que sua irreverência podia ofuscar, para olhos menos atentos, o quanto era sábio. Mistura de pai coruja e “durão”, fazia-lhe todas as vontades sem nunca deixar de ensinar o correto. Décio a levava para todos os lugares e sempre pedia que ela falasse por si, ensinando-a a jamais limitar-se pela timidez.
Décio não era cabeça quente, muito pelo contrário: era um cabeça de gelo, expressão com a qual gostava de acalmar aqueles que estivessem passando por algum momento tenso. Ao mesmo tempo, era energia pura. Amava se exercitar trajando seu típico estilo esporte.
Soteropolitano, adorava estar nas praias de Salvador e se locomovia pela cidade de bicicleta. Os colegas de trabalho o admiravam, e não apenas eles. Sua postura ética garantia a conquista do respeito e admiração de todos. Décio era uma unanimidade.
Como se não bastasse, o policial gente boa era extremamente habilidoso em trabalhos manuais e espalhou suas pequenas criações ao longo dos anos pelo ambiente de sua casa, que, aliás, ele reformou sozinho. A principal herança que deixou foi o amor pela vida e a prova de que, por mais duro que seja o caminho, um sorriso no rosto sempre pode torná-lo mais agradável.
Decio nasceu em Salvador (BA) e faleceu em Salvador (BA), aos 52 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Decio, Vanessa Beserra. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Lucas Rangel, revisado por Paola Mariz e moderado por Rayane Urani em 10 de maio de 2021.