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Diego Ricardo da Silva

1984 - 2021

Dentre seus momentos preferidos na vida, estavam os churrascos à beira do rio com a Vó Chiquinha, que o chamava de Filhão.

Ele era o mais velho entre os filhos do Seu José Severino e da Dona Vandeci. Depois dele vieram as duas irmãs: Diana e Danúbia — a caçula que ele adorava atazanar. Diego sempre foi o mais calado dos três, mas isso não impediu que os irmãos tivessem uma infância unida e povoada de brincadeiras. De família religiosa, iam à Igreja junto com os pais e ele, muito respeitoso, tinha o costume de pedir a bênção para sua mãe — sem hora e nem lugar para fazê-lo.

Foi católico até seus 15 anos e depois se encontrou como evangélico. Sua fé era imensa, foi uma pessoa confiante e a última música que ouviu em sua vida foi da banda Voz da Verdade — grupo musical que alimentava sua fé por meio do canto.

Casou-se em 2008 com Roberta, uma companheira de turma, após três anos de namoro. Eles tinham em comum o amor de um pelo outro e o gosto pela criação de gado, que Diego aprendeu com o sogro. Viveram juntos por cerca de quinze anos e, durante esse tempo, tiveram João Otávio, filho maravilhoso, que passava o tempo com os pais assistindo a filmes de faroeste, indo à igreja, pescando e visitando a chácara do avô, onde apreciava observar o gado e os cavalos.

Diego foi uma pessoa muito boa, sempre preocupado com a família, principalmente com sua avó Chiquinha, de 85 anos, por quem nutria um amor incondicional. Gostava muito de ir com ela fazer churrasco na beira do rio. Seu último momento em família foi em um aniversário dela, antes de ser diagnosticado com Covid-19.

Nas horas livres, Diego gostava de descansar na casa da mãe e, nos finais de semana, encontravam-se nos almoços de domingo. Suas comidas preferidas eram churrasco, feijoada, dobradinha e bife à milanesa, mas o que ele gostava mesmo era de assar peixes — e somente ele tinha paciência para retirar todos aqueles espinhos!

Apesar de ter sido meio reservado ao longo de toda a vida e de não gostar muito de conversar, era raro que a família programasse algo sem Diego — ele sempre estava presente, da pizza no sábado à noite ao churrasco dos domingos. Diego possuía um jeito todo peculiar de cumprimentar os familiares, dando-lhes um tapinha na testa toda vez que se encontravam. Gostava também de brincar com a irmã Diana e de discutir política com ela.

Diego teve uma vida profissional muito dinâmica. Começou a trabalhar como técnico de segurança do trabalho em um hospital localizado na cidade de Rosana, São Paulo. Lá trabalhou por doze anos e sempre foi muito querido por todos. Entre 2014 e 2016 mudou-se para Sinop no Mato Grosso, exercendo a mesma profissão. Depois disso, voltou a Rosana e foi vereador por dois anos. Sempre com muito amor e dedicação, atuou ainda como chefe administrativo do prefeito eleito e permaneceu nesse cargo durante seis anos.

Trabalhou também na prefeitura como chefe do Setor de Obras da Cidade, onde se tornou uma pessoa querida por todos, pois gostava muito de ajudar aos demais e desconhecia a palavra NÃO em seu vocabulário.

Certa vez em que uma escola rural precisava muito de reforma, Diego, acreditando fielmente na possibilidade de recuperá-la, ajudou como pôde e conseguiu que o local ficasse novo e totalmente reformado. Em agradecimento, foi homenageado como patrono dessa escola recebendo um quadro e o seu nome em uma das salas de aula.

Diana descreve lindamente seu irmão: “Diego era carinhosamente chamado de Di por amigos e familiares. Foi um diamante, um presente de Deus nesta Terra por trinta e seis anos. Conviver com ele por todos esses anos foi um aprendizado constante do que significa ser humano".

Diego nasceu em Rosana (SP) e faleceu em Rosana (SP), aos 36 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela irmã de Diego, Diana Iara da Silva. Este tributo foi apurado por Luisa Pereira Rocha, editado por Vera Dias, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Ana Macarini em 21 de fevereiro de 2022.