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Djalma Gonçales

1960 - 2020

Agora ele deve estar numa linda praia, como amava, sorrindo e fazendo outros rirem alto de suas piadas.

Dificilmente alguma coisa era capaz de abater esse homem alegre, de sorriso largo e piadista nato. "Ninguém conseguia ficar triste ao seu lado, pois arrancava sempre e, com facilidade, altas gargalhadas minhas e de qualquer um dos muitos amigos feitos ao longo da vida", diz Eliane, que segue contando:

"Esse é o meu amigo! Foi no Colégio Iavne que nos conhecemos e onde trabalhamos juntos. Ele foi meu melhor amigo, era um ótimo profissional e uma pessoa muito bacana. Lembro-me dele chegando sempre arrumadinho, com a camisa bem-passada e as calças alinhadas. Tantas vezes marcamos uma ida para conhecer sua casa na praia, com a família, mas não chegou a acontecer."

Djalma foi um pai amoroso para seus dois filhos, além de um marido que zelava muito por sua esposa Cidinha. Mas suas mais novas paixões eram as netinhas Marcella e Rafaella. Infelizmente, o avô coruja não conheceu o Lucas, que chegou após sua partida.

Eliane revela que ambos tinham a mesma idade e, segundo ela, "quem chega aos 60, sabe que não se envelhece. Apenas cresce em maturidade, sabedoria e felicidade! Justamente nessa linda fase da vida, ganhamos uma família completa: filhos, noras, genros e netos.

Meu amigo estava no auge de uma vida nova com a esposa. Conseguiram conciliar o trabalho na capital com a morada na praia. Deixaram o apartamento em São Bernardo do Campo, e ele realizou a construção de uma casa bem próxima ao mar. Não pôde curtir por muito tempo, mas é gratificante poder ver alguém querido alcançar um objetivo."

Palmeirense apaixonado, não perdia um jogo por nada, mesmo que seu verdão jogasse tarde da noite e, no dia seguinte, ele tivesse aulas cedinho.

Generoso, sua qualidade marcante era ter um coração que não cabia, com certeza, no corpo físico. Era capaz até de sustentar alguém que estivesse necessitado.

Adorava churrasco e era um bom motivo para reunir a família. E imagina-se que sempre regado a piadas. Até de momentos ruins, esse cara divertido conseguia tirar ótimas anedotas.

Djalma gostava de passear e uma de suas últimas viagens foi com Dona Cidinha para Foz do Iguaçu. Gostou muito e indicou o lugar para muitas pessoas.

Eliane lamenta: "Não era para ser assim, mas não decidimos nosso desligamento. A Covid-19 levou uma irmã de Djalma pouco antes e ele também, prematuramente, com tanto ainda para viver. O que podemos é decidir aproveitar com a mesma alegria que conheci em meu amigo. Uma pessoa especial, que deixa histórias e muita saudade. Vá, amigo querido, ser anjo dos que o amam e o admiram!"

Djalma nasceu em São Paulo (SP) e faleceu em São Paulo (SP), aos 60 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela colega de trabalho de Djalma, Eliane Aparecida Neubern de Freitas. Este tributo foi apurado por Gabriele Ramos Maciel, editado por Denise Pereira, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 28 de dezembro de 2020.