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Domingos Martins da Silva

1946 - 2020

Jogador de dominó habilidoso, vibrava a cada partida que vencia.

A cidade que o viu nascer também batizou seu nome. Natural do município goiano de São Domingos, nasceu num dia de domingo e no aniversário da cidade cujo santo padroeiro é São Domingos de Gusmão. Tamanha conexão tornou sua nomeação inevitável. Apesar da curiosa coincidência que o unia à região, Domingos fez história em outra cidade: participou na construção de Brasília na década de 60, povoando a nova capital em busca de uma vida melhor.

A passagem do tempo que se seguiu registrou o desenvolvimento de Domingos em um pai admirável, trabalhador dedicado e possuidor da honestidade como sua virtude mais notável. Por meio dos ofícios de carpinteiro, pedreiro e no serviço público como agente de portaria, Domingos supriu o necessário para os seis filhos: Lucilene, Luciane, Laércio, Alexandre, Angela e Ramiro.

A família floresceu de um casamento que durou cerca de 40 anos com sua única esposa, Altina Rosa, que o deixara oito anos antes. A perda, apesar de dolorosa e cercada de culpa no início, não o permitiu esquecer de quitar as prestações que a esposa havia deixado em aberto. Nos pequenos gestos, a sua honestidade se tornava ainda mais evidente.

Estrategista e habilidoso no dominó, dava um show de raciocínio no jogo. Apaixonado pelo Vasco da Gama, estava sempre de olho nos campeonatos. Não perdia um jogo do time do coração.

Na intimidade, a imagem que se via de Domingos era o hábito de manter um palito na boca por horas depois das refeições. Nas horas livres, o celular era sua companhia tanto para os jogos transmitidos na internet, quanto para conversas com parentes e amigos.

Domingos permanece na memória de seus familiares como alguém próximo e presente, sempre em contato com os filhos, irmãos, sobrinhos e parentes distantes. A todos que o conheceram, prevalece a memória de sua postura íntegra e honesta.

Domingos nasceu em São Domingos (GO) e faleceu em Brasília (DF), aos 73 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Domingos, Angela Martins. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Júllia Cássia, revisado por Walker de Barros Dantas Paniágua e moderado por Rayane Urani em 3 de novembro de 2021.