1959 - 2020
Mesmo com a distância entre Bahia e São Paulo, cuidava da sua família como se estivessem no mesmo lugar.
Edevando nasceu na Bahia e passou uma parte de sua vida ali antes que os rumos tomassem outra direção. Aos seus 17 anos, casou-se com Vilma, na época com seus jovens 15 anos. E, a partir de então, começaram a construir uma jornada juntos. Tinham uma família linda e unida, com três filhos - Rena, Leo e Tiago - e três netos - Felipe, Caio e Isabelle.
Durante os anos, Edevando e sua família viveram indo e voltando da Bahia para São Paulo e vice-versa. Apesar de ter se casado na Bahia, ele e sua esposa já haviam se mudado para o sudeste quando as crianças nasceram, buscando evitar as dificuldades que existiam na vida na seca. Acontece que outros contratempos os levaram de volta à terra natal de Edevando, e foi lá, na Bahia, que os filhos foram criados.
Depois, por um tempo, ele voltou a viver em São Paulo sozinho, cuidando da família como podia, ultrapassando a barreira da distância. Trabalhou como frentista, pedreiro, motorista e manobrista. Gostava muito de auxiliar os que vinham constantemente da Bahia para tentar a vida na "cidade grande". Na década de 90, os filhos e a esposa retornaram a São Paulo e, por fim, passaram a viver todos juntos na casa que o próprio Edevando construiu.
Educava os filhos com amor e rigor, no melhor jeito nordestino. Por estar um pouco mais longe do restante da família, tio Vande, como era chamado pela maioria dos parentes, se alegrava muito quando ia visitá-los e, igualmente, tinha o maior prazer em recebê-los em casa.
Edevando sempre foi um homem muito forte e justo, que procurava ajudar as pessoas sempre que podia. Sua forma de amar era pouco expressa em palavras, mas os gestos traduziam muito bem todo afeto que carregava consigo. “Ele não era de muitos 'eu te amo’, mas seu carinho estava presente no gesto, no abraço e no sorriso”, conta o filho Tiago. Seu amor se mostrava nos detalhes, como quando colocava a água do café para ferver quando sabia que seu filho, que gostava muito dessa bebida, estava indo visitá-lo.
Uma das lembranças afetuosas de Tiago remete ao costume nordestino que seu pai realmente colocava em prática. Os mais novos pediam benção, ou melhor, "bença", como se diz na Bahia, e ele respondia “Deus te abeçoe!” e essa, junto a muitas outras memórias ficarão guardadas com muito carinho por quem o conheceu.
Edevando nasceu em Tremedal (BA) e faleceu em São Paulo (SP), aos 61 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pelo filho de Edevando, Tiago Santos. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Gabriela Pacheco Lemos dos Santos, revisado por Renata Nascimento Montanari e moderado por Rayane Urani em 11 de julho de 2021.