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Edgar Talevi

1935 - 2020

Um apaixonado pela cidade e pelo time de Santos, que ele chamava de "Seleção".

Edgar viveu a vida rodeado do amor dos filhos, netos e amigos, sempre muito paparicado por todos.

Para a neta Paula, ele foi além de um querido avô: “Foi uma das pessoas mais agradáveis que eu já tive o prazer de conhecer e conviver. Sempre carinhoso, amável e brincalhão, era conhecido pelo seu bom humor. Tinha muito orgulho de suas filhas e netos e a casa dele era a base da nossa família”.

Edgar era um bom garfo, que adorava a comida feita por Dona Zita, sua esposa — costela assada, pastel de camarão, suspiro —, e gostava também de tomar uma caipirinha ou uma cervejinha gelada. Era um verdadeiro "formigão", que se gabava por não ter diabetes.

Tinha uma memória incrível, era muito inteligente e versátil. Sabia tudo de Geografia e passava um bom tempo se aprofundando em mapas e globos. Amava filmes de faroeste e “Rei Artur”, e também gostava de ir à praia. Gostava muito de pescar com seu genro e de fazer palavras cruzadas.

Sua paixão maior era Dona Zita; depois vinha a cidade de Santos, sobre a qual ele adorava falar, bem como o seu time, que ele chamava de “Seleção” e dele não perdia um jogo. Orgulhava-se também das viagens da época em que foi representante comercial de uma madeireira.

Edgar era um verdadeiro contador de histórias e dentre elas, duas se destacavam em seus relatos. A primeira aconteceu quando ele era novinho e foi pescar com o pai. Estavam acampados e, de repente, ele viu um lagarto longe, mas perto o suficiente para representar algum perigo. Então, pegou um pau que encontrou no mato e atirou no bicho. Por coincidência ou boa pontaria, ele acertou de bico na cabeça do lagarto! Ele queria só espantá-lo, não esperava por isso. Na sequência, o lagarto se enraiveceu e veio pra cima deles, dando-lhes rabadas uma atrás da outra. Eles tiveram que ficar se defendendo enquanto o pai dizia: "Edgar, não seja patife, pega o lagarto!" Só que ele também não conseguia pegar o dito animal.

Outra história aconteceu quando eles e seus companheiros foram pescar e tinham que pegar uma balsa para atravessar. O balseiro era muito malvado e eles decidiram pregar-lhe uma peça. Havia uma vaca morta por lá por perto e eles a arrastaram e deram um jeito de amarrá-la por baixo da balsa. Daí o balseiro, no meio da travessia, começou a perguntar: "Que fedor é esse?" e demorou para descobrir a vaca... que estava bem pesada.

Quando Edgar partiu Deus ganhou um companheirão no Céu, mas ficou um vazio entre familiares e amigos que cultivam boas lembranças dele.

Edgar nasceu em Reserva (PR) e faleceu em Ponta Grossa (PR), aos 85 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela neta de Edgar, Paula Dayana Matkovski. Este tributo foi apurado por Lígia Franzin e Ticiana Werneck, editado por Vera Dias, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 20 de dezembro de 2021.