1960 - 2021
Tinha nas mãos a força do trabalho e no coração a leveza do menino apaixonado por pipas e pelo Flamengo.
Essa é uma carta aberta da filha, Laís ao seu amado e saudoso pai:
Ele amava samba, principalmente o Carnaval; era percussionista de uma escola de samba local chamada Partido Alto. Uma lembrança que eu guardo com muito carinho é da formatura da minha irmã; ele aproveitou muito a celebração, dançou e cantou durante o show de uma escola de samba.
O meu pai sempre gostou de futebol e torcia pelo Flamengo. Adquirimos o costume de assistir a todos os jogos com ele; ele não perdia uma partida sequer. Quando eu era criança ele costumava explicar sobre posicionamento, características dos jogadores, etc.
Começou a trabalhar muito novo, ajudando a minha avó a vender café de manhã bem cedo. Depois disso, trabalhou em muitas coisas, mas sua profissão mesmo era gráfico (impressor), foi com isso que trabalhou a maior parte da vida. Ele nunca teve medo de serviço, fazia “bicos” em outras funções, trabalhava à noite em mais de um turno; tudo para garantir que a gente tivesse mais conforto do que ele teve. Antes de falecer ele estava trabalhando em uma gráfica - por conta do movimento gerado pelas eleições de 2020. Depois de se aposentar trabalhou em outras gráficas, supermercado e como servente de pedreiro.
Gostava muito de tomar uma cervejinha, tanto na casa dele, quanto nos bares do bairro. Amava assistir futebol na TV e soltar papagaio (pipa), não era sempre que ele soltava, mas teve uma época que até construiu umas ferramentas pra ajudar a enrolar e soltar a linha mais fácil.
Meus pais eram separados há mais ou menos quatro anos, e a relação deles era até melhor do que quando eram casados. A minha mãe fazia umas comidinhas que ele gostava, como bolinho de bacalhau, dobradinha, lasanha, etc. Ele frequentava sempre a minha casa - moramos eu, minha mãe e minha irmã -, vinha fazer churrasco e tínhamos um ótimo relacionamento.
Não tínhamos o costume de reunir a família toda sempre, com avô, tias e primos; apenas no Natal ou em um ou outro aniversário. O meu pai não tinha um relacionamento tão próximo com os irmãos e o pai. Mas entre nós quatro as reuniões aconteciam com mais frequência, em feriados, aniversários, etc.
Ele tinha muitos colegas, do bairro, dos lugares que trabalhou, do bairro onde meus avós moravam, e ele morou antes de casar; mas não tinha amigos mais próximos, de frequentar a casa, por exemplo. Ele sempre encontrava os colegas vizinhos nos bares do bairro mesmo, para assistir futebol. E com o surgimento dos aplicativos de mensagem, ele tinha muitos grupos onde ficava conversando, da Esdeva onde trabalhou, do pessoal do bairro, e de uma outra gráfica onde trabalhou por muitos anos também.
O Didi era a alegria em pessoa, excelente pai que deixou para as filhas o amor pelo Flamengo. Trabalhador dedicado, que mesmo após a aposentadoria não parou de trabalhar. Fez amigos por onde passou. Estará sempre em nossos corações.
Edivaldo nasceu em Juiz de Fora (MG) e faleceu em Juiz de Fora (MG), aos 60 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela filha de Edivaldo, Laís Cristina de Oliveira. Este tributo foi apurado por Ana Macarini, editado por Laís Cristina de Oliveira, revisado por Ana Macarini e moderado por Ana Macarini em 15 de outubro de 2021.