1974 - 2021
Com toda a sua fé católica, rezava pela chegada da vacina. Eduardo era dedicado em manter a esperança.
Ele era o décimo quarto de 20 filhos. Na infância, foi uma criança levada, que gostava de brincar e de praticar esportes. Tinha a língua um pouco presa, por isso, trocava o "r" pelo "l" e essa era sua marca registrada.
Aos 21 anos tornou-se pai do Ítalo. Foi um pai amoroso, dedicado, responsável e preocupado com o filho. Depois de se separar, aos 35 anos, casou-se novamente e se tornou pai mais uma vez. Agora, da Maria Eduarda. Assim como fez com o primeiro filho, ele a criou com muito carinho e dedicação, preocupado em proporcionar o melhor para ela. Sempre dizia que um dia iria dar-lhe uma casa, como havia feito com Ítalo. Sua partida impediu que esse sonho se realizasse.
Era motorista de ônibus e tinha orgulho da profissão. Com os frutos dela, comprou o seu primeiro carro, motivo de grande felicidade. Entre as memórias que ficam de Eduardo com os filhos estão as idas ao estádio de futebol. Torcedor do Esporte Clube Bahia, gostava da animação que envolve esse esporte.
Muito intenso nas emoções, ele chorava por tudo e se irritava facilmente. Eliene recorda que o irmão "só calava quando dizia tudo o que queria". E de tantas coisas que ele dizia, uma delas era que "as mulheres mais importantes da vida dele eram a nossa mãe, as irmãs e a filha", lembra Eliene, que chegou a morar com Eduardo por um tempo. "Quando moramos juntos, nossa relação se fortaleceu. Tínhamos um carinho mútuo e éramos confidentes".
Eduardo nasceu Salvador (BA) e faleceu Salvador (BA), aos 47 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela irmã de Eduardo, Eliene Duarte. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Michele Bravos, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 2 de março de 2022.