Sobre o Inumeráveis

Eduardo Fernandes de Macedo

1953 - 2020

Fã incondicional de Roberto Carlos, sabia o nome de todas as músicas e dizia que era preciso ouvi-las com o coração.

“Desde pequeno, aos 9 anos de idade, assumiu a responsabilidade em casa, ajudando o pai nos negócios”, é assim que a esposa Lucileide começa a recordar a trajetória do marido.

Quando ele estava com 18 anos, um tio o incentivou a mudar de Cachoeirinha, no interior de Pernambuco, para a capital paulista. Recém-chegado à nova cidade e morando de favor na casa dos primos, sofreu um acidente indo para o trabalho em uma pastelaria. Foi atropelado e quebrou a clavícula. “Os primos fizeram uma vaquinha para ele voltar pra Pernambuco. Ele ria e se emocionava ao relatar este caso. Ele contava que não poderia ter voltado pior do que veio, ou seja, machucado e sem nada para a família. Pediu para que o deixassem ficar mais um pouco. Isso impulsionou Eduardo a voltar a trabalhar, mesmo ainda não estando totalmente recuperado”, relembra emocionada Lucileide. Ele não tinha mais o emprego na pastelaria e teve que procurar outro. Certo dia, viu um anúncio para trabalhar como ajudante no carregamento de sacos de farinha. Ao se candidatar, a vaga já havia sido preenchida. “Isso mudou os rumos dele, que foi então para o ramo das padarias. Começou como funcionário, foi crescendo, virou sócio e, com muito suor e garra, veio a adquirir sua primeira padaria”, diz a esposa orgulhosa.

Toda a família Macedo acabou vindo para São Paulo, a mãe, Amélia, junto com o marido e os demais filhos do casal. Lau, como sua mãe o chamava, trabalhava todos os dias em sua padaria e gostava muito do que fazia. O trabalho era a sua principal mania. “Ele era muito vaidoso, fazia a barba todos os dias, o cabelo estava sempre bem-penteado, vestia apenas roupa social e dizia que estava sempre pronto para trabalhar ou ir para uma festa”, conta a esposa, que diz ainda que o marido era organizado com tudo.

A mãe de Eduardo morava em um apartamento na parte superior do prédio onde ficava a padaria e outros comércios.

Ele tinha cinco filhos, três homens, do primeiro casamento e duas meninas, do segundo, com Lucileide. Gostava de estar com a esposa, os filhos e também de receber a família e os amigos em casa. “Era muito prestativo e humilde, tratava todos muito bem. Ajudava muitas pessoas — conhecidos e desconhecidos —, e não fazia questão de dizer aos outros quem havia ajudado, ajudava e pronto! Ficava entre ele e a pessoa apenas”, conta a esposa.

Católico, devoto de Nossa Senhora Aparecida, tinha muita fé em Deus e não saía de casa sem fazer a sua oração.

Era fã incondicional do rei Roberto Carlos, sabia o nome de todas as músicas. Sempre dizia que "as músicas do Roberto Carlos temos que ouvir com o coração, sentir a música e não 'ouvir de qualquer jeito'”, recorda Lucileide.

Eduardo faleceu catorze dias depois de sua mãe, também vítima do novo coronavírus. Para conhecer a história dela, Amélia Maria Fernandes de Macedo, acesse-a aqui no Memorial Inumeráveis.

Eduardo nasceu em Cachoeirinha (PE) e faleceu em São Paulo (SP), aos 66 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela esposa de Eduardo, Lucileide Aguiar. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Mateus Teixeira, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 26 de outubro de 2020.