1943 - 2021
Defini-lo como um alagoano era pouco; era um homem do mundo, sem medo de abraçar a vida em plenitude.
Apelidos não lhe faltaram; atendia por Elias, Deto, Negrita, Mestrinho, Nego ou "seu" Lima.
Um homem que se dividia entre o trabalho e o casamento, um incansável amante da vida "condenado" pelo amor a viver intensamente.
Se poucas palavras podem definir um homem, no caso de Eliezer, sua máxima era "não se arrepender pelo passado e em todo tempo ser intenso".
Com seus muitos cabelos brancos continuou sendo mil homens em um só e, em sua velhice, com toda sua experiência, foi capaz de contar detalhes de tudo que havia acontecido – fossem histórias inventadas ou fatos realmente ocorridos. Mesmo que sua audiência soubesse que alguns causos eram duvidosos, todos acabavam extasiados, ansiosos pelos próximos episódios a serem contados.
“Capaz de trazer conforto em suas palavras, de abraçar mesmo de longe, de amar incondicionalmente, com ele não havia vergonha de dizer um "eu te amo", com um bom "bom dia filha" e, embora (fosse) sua neta, era assim que eu me sentia: sua filha, afilhada e amiga”, diz a neta Sabrina que continua falando sobre o avô:
“Mesmo sabendo que o amor por mim não era único, pois ele era capaz de tratar todos da mesma forma amorosa, seu afeto não se torna menos especial; pelo contrário, ser amada por aquele homem fazia sentir o coração explodir, pois em meio a tantos amores, ainda conseguia espaço para mim”.
“Outra definição que não mencionei, mas que nem de longe é a menos importante, o amigo Deto, era capaz de ouvir com toda a atenção desse mundo e, depois de um abraço, falar o que queríamos ou precisávamos ouvir.”.
E destaca a capacidade de amar e de fazer amigos: “Não importava se era conhecido, filho, neto, esposa, nora ou genro, ele era, acima de tudo, um bom amigo. Daqueles que você tem apenas uma vez na vida, daqueles que você pode até buscar, mas nunca vai encontrar, seria tolice nossa tentar ocupar o seu lugar”.
Sabrina se despede do avô afirmando carinhosamente: “Homem de mil profissões, de inúmeras aventuras, o verdadeiro cabra vivido. Ser alagoano não o definia, ele era do mundo. Sem medo, sem hesitar, ele só ia. Mesmo após sua partida, sua lembrança é capaz de confortar, não podemos chorar pelo homem que viveu em paz e que nunca temeu a morte."
"Agora ele se foi para mais longe, mas isso não vai nos afastar, pois antes de ir nos deixou tudo que poderíamos desejar: família, amor, amizade e união, e é isso que, em sua memória, iremos para sempre honrar”.
Eliezer nasceu em Ibateguara (AL) e faleceu em Fortaleza (CE), aos 80 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela neta de Eliezer, Sabrina Saraiva Menezes Marques de Lima. Este tributo foi apurado por Andressa Vieira, editado por Vera Dias, revisado por Bettina Florenzano e moderado por Ana Macarini em 15 de dezembro de 2023.