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Elis Mara Dantas Lima

1973 - 2020

Mulher das coloridas festas do Maranhão. Teceu a vida como quem prepara uma fantasia do Bumba meu boi.

Tia Neca fazia as festas mais alegres que a família já viu. Sem filhos, dedicou-se aos sobrinhos que ajudava a criar. Brincou com cada um deles como uma criança travessa. A mesma que, aos cinco anos, cortou os cabelos com "gillette". Tamanho foi o estrago... faz a mãe rir, com riso solto, ainda hoje.

Sua alegria era inspiração para o artesanato que lhe trazia o sustento, como também para confeccionar as fantasias das festas populares, que sempre amou. E cozinhava um delicioso vatapá, daqueles de "lamber os beiços".

Sua maneira de presentear quem amava, sempre envolvia festas. Foi assim com o marido Raimundinho, que ganhou dela a primeira comemoração de aniversário, aos 60 anos.

Para a mãe, Dona Edna, confeccionou uma bela fantasia para desfilar no bloco de carnaval. Fazia a decoração das festas de toda a família. Era talentosa e criativa.

Elis sabia que iria deixar saudades e, ao partir, teve o cuidado de "visitar" cada familiar próximo, para se despedir. Eles têm certeza, conta Paulo Victtor, o sobrinho mais velho.

A história dessa visita é incrível, a exemplo da sua própria vida. Na noite em que ela partiu, uma linda e enorme mariposa circulou pelas casas da família, se aproximou da cadelinha Debby, sua pequena companheira, depois chegou em cada pessoa, como a perguntar: "Tu me amas?", que era seu jeitinho de iniciar um chamego, uma amizade ou mesmo uma boa conversa. Depois, deixou-se capturar, numa toalha, e daí, desapareceu, como que por encanto!

Desde então, é nos sonhos que vem trazer conforto, sempre com uma mensagem de paz.

Paulo Victtor responde, em nome da família, às doces mensagens da tia. “Descanse em paz, Mara. Te amamos e sempre amaremos, esteja onde estiver”.

Elis nasceu em São Luis do Maranhão (MA) e faleceu em São Luis do Maranhão (MA), aos 47 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pelo sobrinho de Elis, Paulo Victtor Lima Dantas. Este tributo foi apurado por Hélida Matta, editado por Hélida Matta, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 28 de junho de 2020.