1961 - 2020
“Tem que agir para vida!”, dizia sempre. Para ela, era uma obrigação estar sempre a postos.
Esta é uma carta aberta dos filhos Iorrana Silva Soares e Havanio Silva Soares para a mãe, Eslimar:
"Eslimar. Ou carinhosamente Lismar ou Elisa. Aos 59 anos já estava casada com Edigeraldo e já era mãe de dois filhos, Havanio (arquiteto) e Iorrana (publicitária). Elismar dedicou a vida ao cuidado da família. Colocou em primeiro plano os sonhos dos filhos e deixou como coadjuvantes seus próprios desejos.
Ainda na adolescência, começou a trabalhar fora. Conseguiu um cargo de assistente de vendas de passagens em uma empresa de transportes e contava, com orgulho, as histórias e o que havia aprendido no trabalho. Após conhecer o esposo por meio de uma amiga em comum, casou-se e passou a cuidar da casa. Para ajudar nas despesas, mais tarde voltou a trabalhar. Seu último emprego foi como auxiliar de limpeza. Trabalhava no período da manhã, preparava o almoço – que o pessoal do serviço adorava – e à tarde cuidava da própria casa. Ainda assim, 'estou cansada' ou 'estou com preguiça' eram expressões que não existiam para ela. Sua força física e mental foram sempre muito presentes, até seu último dia.
Demonstrou seu amor de diversas maneiras, mas era na cozinha que ele transbordava na forma dos pães de queijo, caldos de frango, nas saborosas petas (ou biscoito de polvilho), no frango com pequi e na deliciosa torta de carne – receita que reunia todos para que fizessem juntos. Muito animada e disposta, sempre tomava a dianteira para fazer o almoço de domingo na casa de seus pais, rodeada pelos irmãos, sobrinhos e cunhados. E sempre foi bem recebida. 'Tem que agir pra vida' era uma das frases mais ditas por ela como forma de demonstrar que não poderia estar parada. Para ela, era necessário sempre estar disposta a fazer algo.
Hoje, sem sua presença, a casa está vazia. Assim como os nossos corações. Está tudo cinza, sem graça e com um silêncio que ecoa em nossa alma. Um sentimento que, infelizmente, nos acompanhará. A ferida que foi aberta não se cura. Apenas nos acostumaremos com a dor. A lembrança dela se faz a todo momento. E sua presença está registrada em nossos corações.
Mesmo assim, em meio a tanta dor, somos eternamente gratos a Deus pelo presente que Ele nos deu. Tivemos a oportunidade de ter sido criados, cuidados e amados por uma mãe generosa, bondosa e incrível nos mais diversos aspectos. Sua partida, da maneira como foi e no momento em que foi, será sempre um questionamento.
O que nos move, nos conforta e nos dá força para seguir em frente é o seu exemplo deixado para nós. Apesar do agora ser um momento muito difícil e doloroso, reuniremos esforços para continuar essa caminhada juntos. Uma parte de nós se foi com ela. Mas também nos deixou uma parte conosco", relatam, emocionados.
"Enquanto vivermos, a senhora sempre estará viva em nossas lembranças. Não a esqueceremos em nenhum instante e iremos celebrar tudo o que vivemos e tudo que viveremos. Pois sabemos que não estamos sós.
Mãe, estamos com saudades do seu cheiro, da sua voz e do seu abraço. Olhamos para o céu como forma de matar a saudade, mas temos certeza que nos encontraremos novamente. Te amamos muito, além dessa vida, nossa querida estrelinha.
Com amor,
Seus filhos e esposo".
Elismar nasceu em Goianira (GO) e faleceu em Goiânia (GO), aos 59 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pelos filhos de Elismar, Iorrana Silva Soares e Havanio Silva Soares. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Carolina Margiotte Grohmann, revisado por Allanis Carolina e moderado por Rayane Urani em 22 de dezembro de 2020.