1932 - 2020
Era a matriarca da família e queria ter uma vaquinha pra chamar de sua.
Vó Ely foi uma mulher guerreira que ofereceu cuidado e amor sem distinção. Não tinha muita instrução, mas possuía sabedoria, mente aberta e uma invejável aceitação para as modernidades.
Ely era jovem de espírito e adorava uma conversa. "De cara, virava melhor amiga daqueles que acabava de conhecer. Era a 'tia mais good vibes' da família", conta a neta Viviane.
Reunir a família aos domingos para aquele "senhor almoço" era tornar seu final de semana perfeito! Poderia ser a celebração de um aniversário, uma data especial ou até mesmo um simples cafezinho, o que ela gostava mesmo era de receber, de estar com a casa cheia.
Seus sonhos eram simples, singelos... Queria conhecer o Pão de Açúcar e o Jardim Botânico do Rio de Janeiro e o cantor Ferrugem. E, por que não?, ter umas vaquinhas para chamar de suas... em casa mesmo!
Todas as manhãs, Ely varria a calçada. A atividade tomava quase que a manhã inteira, pois o que ela queria mesmo era conversar com todos que por ali passassem. Conta a neta que a avó era tão divertida quanto decidida: "Uma vez, minha mãe e minha tia entraram num ônibus com ela e começaram a rir, pois minha avó não conseguia fechar o guarda-chuva. Ela, com raiva, não pensou duas vezes: quebrou o guarda-chuva todo!"
Durante a vida, foi mãe de três, mas ao perder dois de seus filhos, Vânia e Carlos Henrique, aproximou-se mais ainda da filha Graciete; de suas quatro netas: Ana Paula, Viviane, Michelle e Vanessa; dos seus dez bisnetos: Matheus, Karine, Thaysa, Gessyca, Mylenna, Kauan, João Victor, Alexia, Raphael e Kaio, e ainda de sua trineta, a Maitê, que com a graça de Deus a bisa Ely teve o prazer de conhecer. "Minha avó, como toda avó, era só cuidado e amor. Não nos preparamos para perdê-la, não nos preparamos para viver sem ela, mas daqui para a frente vamos viver seu legado de amor. Vá com Deus, minha avó!", despede-se Viviane.
Ely nasceu no Rio de Janeiro (RJ) e faleceu no Rio de Janeiro (RJ), aos 88 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela neta de Ely, Viviane Loureiro de Magalhães. Este texto foi apurado e escrito por Lígia Franzin, revisado por Paola Mariz e moderado por Rayane Urani em 16 de novembro de 2020.