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Eronildo José dos Reis

1953 - 2021

Levava café com leite na cama para os filhos, aventurava-se como gato no telhado e divertia-se gritando “buh”.

Era um paizão. O melhor que poderia existir. Teve seis filhos, apenas dois biológicos, o que não fazia nenhuma diferença para ele. Passou a vida empenhado em fazer felizes as pessoas que amava. A família sempre foi muito importante. Foi um marido extraordinário.

Tinha lindos olhos azuis e uma gargalhada que se destacava nas conversas, especialmente quando alguém lhe perguntava a idade e o considerava mais jovem do que era. "Quantos anos você acha que tenho?", perguntava. Sempre respondiam uma idade menor que a real.

Era um homem bem-humorado, de bem como a vida e hábitos simples, exceto pelo costume exótico de acordar cedo e fazer barulho pela casa acordando todo mundo. Mas era fácil perdoá-lo, porque fazia café com leite todos os dias e levava na cama. Outra mania era estar sempre nas alturas – literalmente. "Costumava subir nos lugares, telhados, muros... Quando subia na árvore para pegar manga do vizinho, eu e minha mãe tínhamos medo de ele cair da escada", lembra a filha Ketlyn. Além disso, era praxe chegar aos lugares e falar "buh" para assustar as pessoas.

Trabalhou como topógrafo e desenhista e teve uma empresa de fitness. Tudo era possível para ele, até o que parecia impossível. Fazia lindos desenhos de topografia e tinha orgulho de tudo que realizava.

Amava a natureza e os gatos e tinha o hábito de tomar uma cerveja nos fins de tarde com o filho. Era um trabalhador inteligente, curioso e inquieto. "Sentiremos saudades das ligações, das risadas e do famoso 'buh'", diz a filha, que se identifica como herdeira da agitação do pai. Ao final, aquietou-se o coração valente, segurando com amor a mão da querida esposa.

Eronildo nasceu em Ibitinga (SP) e faleceu em São Paulo (SP), aos 67 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Eronildo, Ketlyn Reis. Este tributo foi apurado por Rayane Urani, editado por Ana Clara Cavalcante, revisado por Paola Mariz e moderado por Rayane Urani em 16 de abril de 2021.