1950 - 2021
No dia do aniversário dos familiares e amigos, ligava na rádio e oferecia as músicas preferidas de cada um.
Ela foi cuidadora de idosos durante a maior parte de sua vida. Prestativa, atenciosa e uma ótima companhia, tornava-se amiga das senhoras que cuidava.
Essa atenção com o outro estendia-se também aos animais. "Minha mãe sempre teve cães, gatos, papagaio e tartarugas", lembra Renata, a filha caçula. No último ano, ela cuidava do papagaio Loro e de três gatos: a Fabiana, arisca e que amava morder o calcanhar da Dona Eufrásia; Pirilé, filho da Fabiana, enorme e que dormia em cima da "mãe" humana; e a Pretinha, que no começo, comia e ia embora — até que ficou de uma vez. Além de cuidar dos seus, cuidava de qualquer bichinho que estivesse passando pela rua.
Eufrásia também encontrou uma forma encantadora de cuidar à distância: no dia do aniversário dos familiares e amigos, oferecia as músicas preferidas de cada um na rádio da cidade e também, levava um amigo cantor a todas as festas da família. Ela amava música, de samba-rock a pagode e MPB, e estava sempre alegre.
"Lembro uma vez, quando fizemos uma viagem a Iperó, município do interior paulista. Fui com minha mãe e levamos três crianças: meu filho e dois sobrinhos. Nos divertimos muito com um pé de manga, que ela amava. Depois a minha irmã também se juntou a nós e voltamos de trem, numa viagem muito divertida", lembra Renata.
Nos últimos anos, Renata passou a chamar a mãe, carinhosamente, de Véinha. "Alçou voo, a minha "véinha", deixando imensa saudade. Agora quem se alegra com sua presença são os anjos do céu."
Eufrásia nasceu em Bebedouro (SP) e faleceu em São Paulo (SP), aos 71 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela filha de Eufrásia, Renata Alexandra Caires Silva. Este tributo foi apurado por Luciane Crippa, editado por Luciane Crippa Kobayashi, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 8 de novembro de 2021.