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Euler Pinto Coelho

1945 - 2021

Além dos jogos de futebol no clube Piraquê, amava bater bola com o neto.

Filho de Seu Clóvis e Dona Regina, Euler era o caçula de cinco irmãos, e de uma família muito unida e afetuosa. Foi ainda criança para o Rio de Janeiro, no bairro do Méier teve uma infância de muitas brincadeiras na rua. Nessa época, começou com a paixão por jogar futebol e a trajetória de "peladeiro"; passou pelos tempos de Colégio Pedro II, pela juventude no Leblon e, durante mais de uma década, pelos fins de semana no campo do Costa Brava Clube. Nos últimos anos, brincava de jogar bola com o neto João, até mesmo no corredor de casa.

Era uma pessoa que harmonizava o prazer de jogar e tomar uma cerveja com os amigos, com a alegria de estar ao lado de sua companheira Sônia e dos dois filhos - que viveram uma infância dos sonhos, proporcionada pelo amor incondicional dos pais.

Quando Flávia e Diogo eram crianças, havia uma lenda em casa: não existia objeto quebrado por lá que o Euler não fosse capaz de consertar. E isso extrapolava pra vida: tinha jeito pra consertos em geral; a impressão que dava é que, na hora do aperto, bastava recorrer ao pai que ele dava um jeito no problema. Essa segurança que transmitia era fruto do cuidado extremo que dedicava a quem mais amava: a família. Por quase cinquenta anos, foi mestre na arte de conciliar seus prazeres pessoais com a dedicação incondicional aos três, que recentemente viraram mais, com os netos Pedro e João, o genro Guilherme e a nora Thaís.

"Um pai fantástico! Quero ser para o meu filho, João, o exemplo de vida que ele e minha mãe foram para mim. Eles iluminaram o meu caminho", diz Flávia. “Podem ter existido pais tão bons quanto ele, mas melhor certamente não houve. Parecia que a reserva de amor dele era infinita, e acho que era mesmo, ela continua aqui alimentando todos nós”, complementa o filho Diogo.

A esposa Soninha - como a chamava carinhosamente -, atribui um lindo depoimento: “Foi o companheiro que escolhi para dividir a minha vida; muito prestativo e carinhoso, sempre me apoiou em tudo. Responsável no que fazia, tanto no trabalho como na relação familiar; juntos tomávamos decisões que nos permitiram fazer o melhor que pudemos, para a segurança e felicidade do lar". E finaliza: "Euler, te amarei para sempre”.

Economista concursado de uma empresa estatal, colecionava amizades por onde passava. Seu bom humor, generosidade e a inesgotável capacidade de cuidar de quem estava em sua volta eram marcantes. Deixa - além da imensa saudade - um legado de amor, que permanece através de sua mulher, filhos, netos e todos aqueles com quem teve a alegria de partilhar a vida.

Euler nasceu em Manaus (AM) e faleceu no Rio de Janeiro (RJ), aos 76 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Euler, Flávia Coelho Caprio de Mattos. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Diogo de Oliveira Coelho, revisado por Luana da Silva e moderado por Rayane Urani em 29 de setembro de 2021.