1966 - 2020
Ao encontrá-lo, não tinha quem resistisse ao seu sorriso e ao clássico: “E aí, Brasiiiiil?”
Flávio sempre esteve cercado de filmes, muitos filmes. Antenado nos últimos lançamentos, sua preferência era, sobretudo, os de ficção científica e aventura - quanto mais a narrativa se mostrava imprevisível, melhor! Afinal, Flávio era muito criativo e a trama tinha que ser boa o suficiente para sua mente fértil. Desde cedo, a criatividade e o jeito organizado com as coisas da casa já davam pistas de qual seria o seu caminho profissional.
Bastava “bater o olho” e Flávio já sabia qual mudança ou reforma necessária para cada canto. Sabia fazer tudo: planejar, organizar e construir. Na infância, junto aos pais, dividia a casa com quatro irmãs, Arlete, Janaina, Elaine e Grazielli. A casa sempre cheia fez dele um homem apaixonado pela família. Atento ao bem-estar de cada um, desde cedo sonhava com o dia em que seria ele o anfitrião dos seus amores.
Enfim engenheiro, deu início à realização do seu sonho. Do tijolo ao acabamento, tudo na sua casa tem o olhar e a mão de Flávio. Cada detalhe foi pensado por ele, que literalmente botou a mão na massa para materializar o espaço que reuniria, sobretudo, Antônia, sua esposa, e os filhos Rodrigo, Felipe e Maria Fernanda. Cada cantinho tem um porquê de existir: um quarto para cada filho, uma sala bem grande para acomodar os amigos, uma piscina para o churrasco de domingo, uma garagem larga o suficiente para o carro das visitas, uma banheira para dividir o descanso com a esposa.
A rotina agitada de visitas aos clientes era amenizada com seu jeito alegre e extrovertido. Era fácil, muito fácil, ser amigo de Flávio. Não tinha quem, ao encontrá-lo, não abrisse um sorriso e desse as clássicas boas-vindas: “E aí, Brasiiiiil?” Assim também era na Paróquia Santa Cruz, em Barueri (SP), onde era membro ativo. Muito amigo do padre, ajudava nas obras da igreja e nas transmissões online das missas.
Mas, de todos os projetos e compromissos, algo recente no seu dia a dia tinha prioridade máxima. Chamada Helena, a netinha foi o brilhante dos seus olhos. Como vô, foi exatamente como pai: protetor, carinhoso, babão e presente.
Hoje, amigos e familiares encontram Brasil nos detalhes da sua casa. Mas fica na saudade o riso fácil e a saudação que anunciava o seu encontro. Para sempre dentro dos seus, “Brasiiiiil!”
Flávio nasceu em Osasco (SP) e faleceu em São Paulo (SP), aos 54 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela irmã de Flávio, Janaina Cavalcante Brasil Franco. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Carolina Margiotte Grohmann, revisado por Paola Mariz e moderado por Rayane Urani em 29 de agosto de 2020.