1948 - 2020
Era uma mulher do povo.
"Dona Cleumar", como era bem conhecida, era uma mulher do povo. Ela organizava romarias e levava de três a quatro ônibus cheios de pessoas, para santuários como Juazeiro do Norte, devotos de padre Cícero. Ela fazia tudo por fé, por amor, por devoção ao próximo.
Quando o rio perto de casa alagava, ela abria as portas de sua casa para receber famílias ribeirinhas que estava sem ter onde dormir. Uma vez por ano ela preparava o "dia do ancião" e convidava todos os senhores e senhoras carentes da nossa região para um almoço bem farto. Tinha muita comida e muita alegria, também.
Amava ajudar as pessoas e cultivar flores. Na casa dela sempre tinha rosas vermelhas e pessoas no portão. Iam pedir conselho, uma palavrinha ou alguma ajuda. Era ela muito respeitada e amada por todos. Ao lado do marido, ela construiu uma família grande, forte e muito unida. E gostava de dizer: “tudo o que eu tenho foi Deus quem me deu”. Ela era uma pessoa muito agradecida.
Mãe de dez filhos, avó de 16 netos, casada há 52 anos. Deixa saudades.
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Apaixonada por flores e fotos, transbordava de alegria ao ver a casa cheia de familiares.
A solidariedade descrevia dona Francisca. Por muito tempo, ajudou quem mais necessitava na comunidade de Autran Nunes, oferecendo até mesmo sua casa como abrigo, em épocas de enchente do rio Maranguapinho.
Com muita luta, criou dez filhos. "Incentivava todos a acreditarem na própria capacidade para que nunca desistissem dos seus sonhos. E como amava a casa cheia de filhos, netos e bisnetos! Era pura alegria", conta o neto Francisco Eduardo Menezes Moura.
Ao partir ao encontro do Pai, deixou saudades imensuráveis da mulher guerreira que foi.
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Este é o depoimento de Francisca Maria Menezes Moura, filha de Francisca Cleomar:
Minha mãe, mulher extremamente forte e guerreira, passou por muitas batalhas ao longo da vida – ela viveu perdas importantes, que a abalaram muito, como a de seu pai e a de dois filhos.
A fé, porém, sempre fez dela uma pessoa determinada e, apesar de ter passado por tantas provações em sua caminhada, nunca deixou de seguir em frente com boas doses de garra e coragem. Sempre que precisávamos de alguma força, estava ali: nos escutava, nos aconselhava. Ela nunca se esquivou de nos contar a própria história de vida em forma de ensinamentos.
Minha mãe também conquistou muitas graças. Era sobretudo uma pessoa alegre e de bem com a vida. O que mais gostava de fazer era participar de romarias e de viajar para lugares religiosos.
Ela nos deixou no dia 9 de maio. Por aqui, ficam as saudades: nunca nos esqueceremos dessa senhora amorosa, dedicada, acolhedora e que sempre procurava ajudar a todos.
Hoje ela está no coração de oito filhos, 15 netos, dez bisnetos; e também de seus irmãos, familiares e amigos.
Mamãe, para sempre te amaremos!
Francisca nasceu em Fortaleza (CE) e faleceu em Fortaleza (CE), aos 72 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pelos familiares de Francisca, Francisca Maria Menezes Moura e Francisco Eduardo Menezes. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Lígia Scalise e Laura Capanema, revisado por Joselma Coelho, Paola Mariz e Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 21 de julho de 2020.