1948 - 2021
Engenhoso, construiu com as próprias mãos a casa da família, da filha e seu refúgio em Saquarema.
Nascido e criado na roça, em uma família de onze filhos, Francisco sempre se destacou por ser muito trabalhador. Quando criança, o objetivo era ajudar a família. Já adulto, foi com seu trabalho que realizou muitos sonhos.
Casou-se com Francisca e com ela teve Patrícia, a filha mais velha; Fernanda, a do meio; e, doze anos depois, Fabrício, o filho temporão que completou a família. Mais tarde, vieram os genros e quatro netos.
A união de Francisco e Francisca sempre despertou interesse e curiosidade de todos por conta dos nomes iguais. Nasceram em cidades distintas e com uma diferença de onze anos. O filho Fabrício atribui o encontro dos dois às coincidências do destino e, principalmente, a Deus. A linda história de amor dos pais, que durou quarenta e quatro anos, ficou como inspiração aos filhos.
Apesar de só ter estudado até a quarta série, Francisco fez questão de ver os filhos formados. Não escondeu o orgulho quando o filho se formou em Pedagogia na Universidade Federal Fluminense. Da ocasião, ficou na memória de Fabrício a imagem do pai, que sempre fora muito contido na expressão de sentimentos, entrando no campus da Universidade e falando: “Filho, que orgulho de você. Olha onde você chegou”. Mais tarde, seu sonho se completou com a formatura das filhas no curso de Serviço Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Era um pai muito carinhoso. Mesmo quando Fabrício já era adulto, Francisco sempre que podia fazia questão de esperá-lo no ponto de ônibus quando ele voltava à noite de trabalho. Também foi companhia incansável no hospital quando o filho precisou fazer uma cirurgia.
Dono de muita habilidade, Francisco trabalhou como pintor na Prefeitura de Itaboraí, cidade em que viveu. Suas pinceladas marcaram a cidade, ajudando a embelezar a paisagem. Pintou hospitais, cemitérios, escolas e até delegacias. Mesmo após sua aposentadoria, continuou trabalhando no ofício. Seu capricho era conhecido por muitos moradores da cidade e era sempre chamado para pintar casas, fazer construções e reformas, colocar piso etc. Fazia de tudo um pouco e sempre com muito cuidado.
As construções de Francisco, entre elas as casas da família, guardam em suas paredes o registro de sua dedicação a cada detalhe.
De personalidade extrovertida, tinha muita facilidade em se comunicar. Com isso, fazia amigos por onde passava. Tornou-se evangélico e por vinte e nove anos, até seus últimos dias, congregou na Igreja Evangélica Congregacional Central de Itaboraí. Era muito querido e respeitado por todos. Seu filho conta que muitas vezes ouviu a frase “não há uma pessoa que não gostasse do seu pai”. Essa corrente de amigos construída ao longo da vida uniu-se em oração quando da doença.
O legado de alegria, esperança e comunicação de Francisco ficou marcado em sua família. O filho Fabrício afirma que carregará a bandeira do pai e seguirá sendo agente de resistência, para que jamais seja normalizada a falta de respeito com a população e com todas as famílias que tanto sofreram por conta da pandemia.
“Francisco Alberto Antunes, presente”, finaliza Fabrício.
Francisco nasceu em São Gonçalo (RJ) e faleceu em Itaboraí (RJ), aos 72 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pelo filho de Francisco, Fabrício da Cunha Antunes. Este tributo foi apurado por Andressa Vieira, editado por Marília Ohlson, revisado por Fernanda Ravagnani e moderado por Rayane Urani em 28 de outubro de 2021.