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Francisco de Assis Costa

1951 - 2021

Criou um personagem no rádio para animar as pessoas em seu programa de forró, o Coronel Pajeú.

“Sou natural de Terra Nova (PE), me criei em Parnamirim (PE), vim morar no Exu e sou apaixonado pela Cultura Gonzagueana. Faço programa de forró resgatando nossa cultura, sou fã do Rei do Baião e toco forró pé de Serra” assim se apresentava nosso homenageado, Coronel Pajeú.

Sua paixão pela cultura nordestina, expressa através do legítimo forro pé de serra, fez de Chico do Adalto, em referência ao seu pai, tornar-se o personagem Coronel Pajeú, com chapéu de couro e tudo para representar a cultura nordestina. Foi além de radialista, cantor, compositor e integrante da equipe de produção do famoso Trio Nordestino, um dos mais tradicionais e conhecidos conjuntos de forró pé de serra do Nordeste.

Acompanhando o Trio Nordestino em turnês ele conheceu diferentes lugares e até outros países e teve oportunidade de desenvolver ainda mais a veia artística compondo inclusive músicas que foram gravadas pela banda. De forma autoral produziu três CDs e era através da venda dos mesmos e do programa de rádio que divulgava sua música, não tinha o costume de realizar shows.

No exercício do talento de radialista, iniciado na cidade de Exu (PE) terra natal de Luiz Gonzaga, usava a entonação da voz para criar empatia com os ouvintes, sendo que a voz que acolhia não era a mesma que, por exemplo, apresentava as canções. O Chico de Adauto e o Coronel se revezavam na tarefa de entreter os ouvintes apresentando programas de rádio cujos nomes eram bem sugestivos: “Terreiro da fazenda” e “Bodega do Forró”. As narrações de histórias nos programas eram sempre muito divertidas, carregadas de expressões nordestinas locais e referências que animavam e chamavam a atenção, como: “Eta programa bom da muléstia e cacetero todo! [...] Eta pessoá, boa tarde meu cumpadre, boa tarde minha comadre. A partir de agora meu fí só forró pé de serra no seu rádio. A aligria da sua tarde! EEEEETA meu cumpadre aqui ou vai ou raxa ou esculhamba a tampa da caixa!”

Quando criança passou parte da infância no sertão, vivendo na zona rural com seus país, mesmo se mudando para a cidade cultivava o amor e os hábitos simples das pessoas da zona rural, como por exemplo, gostava de sentar-se ao fim da tarde na calçada de casa para prosear com os transeuntes e vizinhos. Foi uma pessoa muito carismática e comunicativa, e que tinha muito jeito com pessoas o que fazia com que muitos se aproximassem dele. Era um homem engraçado e que gostava de contar piadas. Também era conhecido por ser alguém prestativo. O dinheiro que ganhou de seu trabalho com o Trio Nordestino ele fez questão de investir, ajudando a vizinhança no que todos precisassem.

A vida artística trazia os desafios do afastamento do convívio familiar mais próximo e como forma de demostrar afeto ele costumava sempre presentear os seus. Casou-se duas vezes e estava divorciado. A filha Maria Carolina, fruto do primeiro matrimônio lembra que nos últimos dois anos pode ter uma convivência maior com o pai, mesmo vivendo em cidades diferentes. Ela lembra que além de Luiz Gonzaga o pai tinha Roberto Carlos como ídolo. Chegou a pedir para ela fazer montagens das fotos dele com fotos de Roberto Carlos. Quase todos os dias enviava para ela alguma canção do “Rei “para demonstrar seu amor. Ele havia enviado para ela fotos dele na juventude. Ambos combinaram de que quando se encontrassem de forma presencial levaria as fotos para a filha guardar de recordação. O encontro presencial não aconteceu, mas Carolina pediu as fotos, como uma herança que guardará com muito carinho para sempre lembrar do pai. Esse carinho ela pretende levar também à sua festa de casamento realizando uma homenagem ao pai com música e símbolos da cultura nordestina que tanto fizeram parte da vida dele.

Francisco estava ultimamente muito devotado a sua fé cristã, participando ativamente de missas e realizando suas orações diárias. Tinha o sonho em ser avô, manifestado para a filha através de mensagens de voz, por ocasião da proximidade do casamento dela, o qual ele fazia muito gosto, manifestando satisfação com o futuro genro. O outro sonho que ele estava prestes a realizar era o de ter sua radio on-line. Os equipamentos haviam sido adquiridos, com ajuda de parentes da segunda ex-esposa.

A voz e a presença de espírito do animado Coronel Pajeú não se calaram, apenas se transformaram. A sua trajetória de vida foi lembrada através de monção da prefeitura de Terra Nova e em sua missa de sétimo dia nas palavras do padre amigo. O legado de generosidade e amor pelo povo e pela cultura nordestinas estarão para sempre sendo lembrados.

Francisco nasceu em Terra Nova (PE) e faleceu em Ouricuri (PE), aos 69 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Francisco, Maria Carolina Barros Costa. Este tributo foi apurado por Rafaella Moura Teixeira, editado por Ana Clara Cavalcante, revisado por Walker Barros Dantas Paniágua e moderado por Rayane Urani em 9 de agosto de 2021.