Francisco Leandro Carvalho de Jesus

1971 - 2020

Gostava de cerveja e pagode. Um homem afetuoso, que cuidou de suas filhas com muito zelo.

Motorista de aplicativo, Seu Lili gostava mesmo é de tomar uma cerveja e ouvir um bom pagode. Era muito amoroso, carinhoso e super protetor.

Como um passarinho cantador, tinha um assovio peculiar para chamar as filhas gêmeas Larissa e Letícia, do primeiro casamento. Elas eram a razão de sua existência, juntamente com Ametista, “sua última companheira de vida”, segundo a “Tícia”.

O depoimento de Letícia ilustra a sua natureza protetora:

"Eu estava doente, ele veio até a minha casa trazer algumas frutas e perguntou o que eu ia almoçar.

— Vou fazer feijão, arroz, macarrão e carne, pai.

— Não, não, não, nem pensar em tocar em água. Vou fazer o seu almoço.

Ele, cheio de receio, foi até a cozinha e fez tudo rapidamente.

A panela não pegava pressão. Fui até a cozinha e disse:

— Tem que colocar um papel entre a tampa e a alça, pai.

— Pô, Tícia. Panela de pressão é tão barato — ele riu. No primeiro supermercado que fiz, comprei uma panela nova.

Um tempo depois, ele foi até a porta do quarto cuidadosamente. Olhou para mim e disse:

— Já tá pronto, tá, Tícia? Daqui a 20 minutos, tira a pressão que já vai estar bom.

— Tá bom. Vai logo pra casa, pai, pro senhor não ficar muito exposto aqui dentro.

— Tá bom. Quando eu chegar em casa, eu ligo pra avisar que cheguei.

— Tá bom, pai, obrigada.

— Não precisa agradecer. Você merece muito mais.

E foi embora. Se despedindo de longe e dizendo que não podia me abraçar naquele momento. Dizendo que me amava e mandando um beijo."

Suas últimas palavras consolam não só as filhas amadas, ou a preciosa Ametista. São uma mensagem de fé, de esperança e de amor para quem tiver o privilégio de conhecê-las.

“Tenha fé. Não se desespere, seja forte. Eu te amo. Fica com Deus e não saia de casa.”