1987 - 2020
Chicão era sorriso, forró, cerveja gelada e muito papo.
Não falhava um. Todo sábado Chicão reunia amigos e familiares para uma cervejinha, ao som de muito forró e sertanejo. Era ele quem comandava a caixa de som. E os papos. Como gostava de puxar um papo o Chicão.
Para sua mãe, ele era o "Júniooooooor". Quando seu pai faleceu, cinco anos atrás, Chicão prometeu cuidar da mãe e do irmão mais novo, com quem era muito apegado. Ele a visitava e mantinha apoio financeiro e emocional.
Chicão trabalhou numa rede de fast food a vida toda, até chegar a gerente. Doze anos atrás, conheceu Jocasta. Ela estava grávida de Kauê, mas nem sabia ainda. Chicão assumiu o menino como seu, criou como pai.
Chicão era conciliador. Se Jocasta brigasse com a irmã, Jacqueline, lá ia ele insistir para que fizessem as pazes. Quando Jacqueline se separou temporariamente do marido, foi Chicão quem a aconselhou sobre como consertar o casamento. Deu algumas broncas, mas deu colo também.
O casal planejava mais um filho para este ano. Adiaram por conta da pandemia. Não deu tempo.
Francisco nasceu em São Paulo (SP) e faleceu em Santo André (SP), aos 33 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela cunhada de Francisco, Jacqueline Guimarães. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Flávia Tavares, revisado por Lícia Zanol e moderado por Rayane Urani em 25 de junho de 2020.