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Genir Farias Alves de Mello

1963 - 2021

Brincalhona, quando era abraçada pelas filhas, logo desconfiava: "diz logo o que é que tu quer!"

Genir, mais conhecida como Côca, tinha personalidade forte e não se deixava abater por qualquer coisa. Querendo traçar seus próprios caminhos, seu maior sonho era vencer o medo de dirigir e, segura de si, sempre dizia: “Vocês vão ver! Um dia vou tirar minha carteira”.

Para Natalia e Renata, a “mainha” era o alicerce, pessoa amiga que dava todo apoio que pudesse. Genir tinha o coração grande, se doava para quem gostava e até se deixava de lado. Vivia “lambendo” sua casa e, quando acordava de mau humor, ai de quem deixasse alguma coisa desorganizada!"

No dia a dia, não podiam faltar seus hinos preferidos. Côca amava ouvir CDs e DVDs de música gospel. Pedia para a filha Natalia colocar e quando a ajuda demorava, se abusava e colocava por conta própria: “Deixe que eu boto, deixe que eu me viro”.

Além das músicas religiosas, “Linda Demais” do Roupa Nova era uma de suas canções preferidas: a primeira que dançou com seu marido, Washington - casados há mais de 30 anos.

Para Genir, o nascimento dos netos foi uma das coisas mais marcantes em sua vida, era muito apegada à Marina, Paulinho e Maria Júlia. Viu todos nascerem e foi uma avó presente. Chamava a neta mais velha, Marina, de “vovó” e a deu de presente um livro com direito à dedicatória para quando a neta aprendesse a ler.

Caseira, não gostava de dormir na casa dos outros, ainda que fossem seus parentes. Gostava mesmo era de ficar tranquila na sua casa. Brincalhona, quando era abraçada pelas filhas, logo desconfiava: “diz o que é que tu quer, falsa!”.

Em seu último aniversário, foi surpreendida pela filha Natalia com um bolinho para comemorar a nova idade junto à neta. Se emocionou muito, porque nunca teve uma comemoração, ainda assim, se preocupava: “não era para ter gastado com isso não, menina!”.

Genir nasceu em Major Isidoro(AL) e faleceu em Maceió (AL), aos 57 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pelas filhas de Genir, Natalia e Renata Mello. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Kamilla Abely, revisado por Magaly Alves da Silva Martins e moderado por Rayane Urani em 4 de janeiro de 2022.