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Geraldo Pinheiro Teixeira

1939 - 2020

Fiel torcedor do América Football Club; time do coração, que motivava suas idas aos estádios.

Um autêntico carioca da gema, ele nasceu e viveu na Cidade Maravilhosa. Era vaidoso, gostava de andar impecável, amava viajar e estar em festas com familiares e amigos. Honestidade era a sua mais destacada virtude.

Geraldo Pinheiro protagonizou uma trajetória singular. Desde tenra idade precisou superar muitos limites. A deficiência auditiva desde que nasceu foi a primeira delas. Todavia, essa insuficiência não limitou seus projetos pessoais e profissionais — muito pelo contrário: com o seu jeito de ser, ensinou todos ao seu redor a ouvir e sentir o mundo de maneira diferente.

Na juventude, conheceu Sônia Veríssimo, com que viveu um amor para a vida inteira. Seis anos de namoro, casamento, chegada dos filhos: Claudia, Marco e Mônica. Logo o imóvel do Irajá — uma grande conquista do casal — ficou pequeno. Com o crescimento da família, resolveram fixar moradia no bairro de Campo Grande — um dos cantinhos do Rio de Janeiro que mais ele gostava, além do Irajá, bairro onde cresceu e onde moravam seus pais.

No campo profissional, sempre foi muito desafiado. Consolidou sua carreira de Desenhista Projetista em uma empresa de telefonia, onde projetava complexas redes de cabeamento para assegurar os serviços nas Zonas Norte, Oeste e nas ilhas da cidade do Rio de Janeiro.

Era católico, devoto de São Jorge, e fiel torcedor do América Football Club, time do coração, que motivava suas idas aos estádios. Suspense era o gênero de filme que mais gostava e o que atraía sua atenção nas horas livres.

Em família, construiu as memórias mais carregadas de afetos. Na época em que não tinha carro, fazia uma viagem de ônibus parecer uma grande aventura. Em Madureira, fazia das compras de roupas e calçados para as festas de final de ano uma grande farra. Geraldo era um dos responsáveis por manter viva a magia do Natal. Sendo o Papai Noel oficial da família, não deixava que nenhuma criança ficasse sem presentes.

“Deixa saudade as viagens de fusquinha para a Praia do Sahy, em Mangaratiba, os acampamentos e os carnavais, quando ele sempre fazia questão de comprar fantasias novas para todos”, contam as filhas Mônica e Claudia.

Os últimos dez anos foram mais desafiadores para Geraldo e para toda a família Teixeira, com a confirmação do diagnóstico de Alzheimer. O homem que tanto motivou a arte do encontro e construtor de tantas memórias positivas, não possuía mais o registro do quanto impactou positivamente a vida de tanta gente.

Geraldo conectou pessoas, emoções, histórias. A forma como encarou e conduziu sua vida — com resistência, capacidade de adaptação, amabilidade — continuará a ser fonte de grandes lições e de inspiração para as presentes e futuras gerações de familiares e amigos.

Geraldo nasceu no Rio de Janeiro (RJ) e faleceu no Rio de Janeiro (RJ), aos 81 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pelas filhas e pela esposa de Geraldo, filhas de Geraldo, Mônica Teixeira e Cláudia Teixeira, e pela esposa Sônia Verissimo.. Este texto foi apurado e escrito por Fabrício Nascimento da Cruz, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 19 de novembro de 2021.