1950 - 2021
Importante estudioso e pesquisador das comunidades Indígenas do Brasil.
Com clareza e uma boa dose de paixão, o Professor Germano Afonso nos mostrou a concepção do tempo cíclico, tão diverso do tempo linear sob o qual se organiza a nossa sociedade.
Para além do resultado de suas pesquisas, ele traz a beleza das lendas, que contribuem ainda mais para a compreensão desse nosso mundo originário, que vem sendo soterrado pelo conjunto de ações e descasos governamentais da atualidade brasileira.
Ele próprio, um sul-matogrossense, de ancestralidade indígena, que se dedicou aos estudos desses povos – os primeiros habitantes do Brasil –, tendo se tornado um dos maiores pesquisadores da Astronomia Indígena Brasileira.
Sua valiosa contribuição de resgate dessas histórias nos leva a um caminho de reflexão sobre o quanto de aprendizado pode haver entre culturas diferentes da nossa.
Um de seus relatos, em particular, dá o tom exato dessa reflexão:
“Certa noite de Lua Crescente estava observando as Constelações com os Guaranis na Ilha de Cotinga, Paraná. De repente, um deles me disse que seria melhor observarmos, quando não houvesse Lua. Rapidamente, com meu conhecimento Ocidental, respondi que estava de acordo, pois o brilho da Lua ofuscava o brilho das estrelas. Ao que ele retrucou dizendo que, na realidade, o que incomodava era a quantidade de mosquitos, muito menor, quando não há Lua. Nunca havia percebido essa relação, que de fato existe, entre as Fases da Lua e a incidência de mosquitos”.
“Todos os mistérios estão no Céu”, afirmava o Professor, que nos deixou em 26 de agosto de 2021.
Germano nasceu em Ponta Porã(MS) e faleceu em Curitiba (PR), aos 71 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela família de Germano, Marina Pilato. Este texto foi apurado e escrito por Kátia Siqueira Gonçalves Rodrigues, revisado por Magaly Alves da Silva Martins e moderado por Rayane Urani em 8 de novembro de 2021.