1968 - 2020
Era colorado, fã do UFC e um colecionador de pen drives lotados de músicas: o legítimo gente boa.
Gerson era o filho meio do Hilton e da Doraci. Quantas vezes não contou suas memórias de infância? Que envolviam caçar passarinhos; caminhar longas jornadas a pé, acompanhado dos irmãos e amigos; entre tantas outras lembranças de quem cresce junto de outros quatro meninos com idades similares.
Sua adolescência e juventude foram marcadas pela intensidade. Muita festa e diversão, que por vezes acabaram em brigas e acidentes. Na época foram preocupantes, mas já haviam virado histórias que ele contava com certo orgulho. A vez que perdeu os dentes em uma briga, o acidente de moto com seu irmão Edi, que resultou em múltiplas fraturas, as diversas marcas internas e externas de um adolescente inconsequente são alguns exemplos.
Gerson ficava entre idas e vindas entre Curitiba, Passo Fundo, Fraiburgo e Porto Alegre, até que um dia, conheceu uma pessoa que mudaria toda sua jornada, o grande amor de sua vida: Jussara. Largou as festas, mudou-se em definitivo para Curitibanos e começaram juntos a construir uma vida.
Casaram-se e, com a parceria da sogra, Dona Rosa, fundaram o que seria uma das maiores paixões de sua vida: a loja Casa São Paulo. Muito mais que fonte de renda, o estabelecimento foi símbolo de seu trabalho, coragem e persistência. Para ela, Gerson dedicou sua vida. Soube ser um empreendedor visionário, um comerciante de sucesso e, acima disso, um patrão educado e gentil, amigo de todas as funcionárias.
Ele e Jussara começaram então a construir uma família. Tiveram duas filhas, Rayana e Fernanda, como era o sonho da esposa, e pelas quais ele daria a vida.
Muito mais que um bom pai, soube fazer tudo por elas: foi companheiro, amigo e incentivador. Morria de orgulho em cada pequena conquista das filhas e ensinou grandes lições. Sempre foi firme para frisar a importância dos estudos, da espiritualidade e de se fazer o bem.
"Também ficou conhecido por suas brincadeiras, que por vezes faziam com que o chamássemos de 'homem mais chato do mundo'", contou a filha Rayana. Não se importava se era com as filhas, esposa, sobrinhos, irmãos, cunhadas, cunhados ou funcionárias, diariamente tinha prazer em arrancar sorrisos.
Seguiu uma vida cheia de fé e positividade. Frequentou por anos o centro espírita, no qual pôde ajudar e ser ajudado. Inúmeras são as pessoas para quem enviava diariamente mensagens positivas.
Foi se lapidando ao longo da vida, deixou para trás maus hábitos como o cigarro e a bebida, e buscava cada vez mais se aproximar de seu ideal do que era certo e do que era ser “gente boa”, qualidade que ele muito valorizava. Sempre foi o melhor amigo que pôde. Era do tipo que fazia tudo que estava ao seu alcance para ajudar as pessoas. Tinha a humildade e a caridade como lei.
Tinha paixão por dirigir e viajar, especialmente para São Paulo. Grande torcedor do Internacional, também amava assistir às lutas do UFC no sábado à noite. Colecionava pen drives, lotados de músicas antigas, sertanejas, gaúchas e internacionais. Também tinha paixão pela comida, especialmente aquelas nada saudáveis.
"Neste momento, sentimos uma dor profunda e um vazio imenso por sua partida tão precoce. Foram apenas 52 anos. Mas nosso coração se consola ao saber que foram 52 anos bem-vividos, 52 anos repletos de alegrias e de amor das pessoas que o cercavam. 52 anos de realização de sonhos, sonhos esses que continuarão se realizando mesmo sem sua presença física", disse Rayana.
Gerson nasceu em Curitibanos (SC) e faleceu em Curitibanos (SC), aos 52 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela filha de Gerson, Rayana Caus Prado. Este tributo foi apurado por Lígia Franzin, editado por Raiane Cardoso, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 17 de janeiro de 2021.