1928 - 2020
Um gigante que contemplava todos os dias, mesmo que o dia não fosse tão bonito assim.
“Ôô Gigante!”, era assim que ele chamava todos.
Gilberto adorava contar piadas, até mesmo as infames e sem graça! Era uma pessoa de outro mundo, humildade, simpático, empático e com uma inteligência emocional admirável.
Foi casado por 64 anos com Elisa Otuzi Alca. Cuidou da esposa doente até o último dia da vida dela. Fazia questão de ir ao cemitério no dia do aniversário dela, no dia de sua morte e no dia em que eles faziam aniversário de casados. Tiveram três filhas, dois netos, dois bisnetos e o terceiro está vindo aí. Infelizmente, eles não vão se conhecer pessoalmente.
"Ele faleceu no dia em que eu estava entrando na sala de cirurgia para retirar minha vesícula. Dias depois, eu ia me casar e ele nos daria a bênção", conta a neta Jessica.
Ele sempre estava de terno e roupa social, mesmo que fizesse 40° lá fora. Acordava cantando e contemplando o dia, mesmo que fosse um dia fechado, nublado e de chuva.
Costumava dizer “Nossa vida é regida por cinco letras: s-o-r-t-e". Ele acreditava que tudo na vida era sorte, não era Deus e nem o destino... era sorte!
Foi advogado, mas seu sonho era ser engenheiro naval. Ele amava o mar. Nasceu em Santos, em uma família tradicional por lá. Adorava contar as histórias de seu avô, que veio da Inglaterra e que foi soldado do czar russo e que mandava seus ternos, de navio, para lavar na Inglaterra. Muitas histórias...
Aos 92 anos, ainda dirigia. Sabia de tudo um pouco, era curioso, lia o jornal todos os dias e ia atrás da informação quando não sabia. Conversava sobre qualquer assunto.
Gilberto nasceu em Santos (SP) e faleceu em São Paulo (SP), aos 92 anos, vítima do novo coronavírus.
História revisada por Rayane Urani, a partir do testemunho enviado por neta Jessica Otuzi Alca Custódio de Oliveira, em 16 de julho de 2020.