1940 - 2020
Resumia a vida em quatro palavras: "Viver é muito bom!"
“Meu avô era muito alto-astral, amava a vida, vivia repetindo que era muito bom viver!”
Dedicado à família, adorava mimar todo mundo. Vivia tentando ganhar na loteria e dizia que quando ganhasse iria dividir tudo para os filhos, netos e bisnetos. Adorava apelidar as pessoas, tinha sempre um apelido pronto para cada um.
Seu Gonçalo também tinha um apelido: "Mineiro", devido à cidade que nasceu, lá no interior de Minas. E como um bom mineiro, seu Gonçalo adorava um modão de viola!
Superou vários problemas de saúde pois, afinal, amava viver. Amava os seus três filhos: Joana Darc, Paulo César e Francisco — todos eles carregando o "Silvério de Carvalho" do pai. Francisco faleceu vítima da covid-19, sete dias após a partida de seu Silvério. Amava também os seus dez netos e três bisnetos.
Porém, a pessoa que ele mais amava na vida era a sua esposa, Maria Aparecida, que ele chamava carinhosamente de "Nê". Como era bonito ver o amor entre os dois. Viviam se provocando o dia todo! Mas no final, preocupavam-se muito um com o outro. Não se desgrudavam nem por um minuto, eram o queijo e a goiabada, o feijão com o arroz — um completava o outro.
Dona Nê foi internada no dia 16 de maio, um dia antes da internação de seu Gonçalo, no mesmo Hospital.
“Ele, mesmo passando muito mal, pedia para que eu fosse olhar minha avó”. Ficaram em leitos posicionados um na frente do outro, mas não sabiam que estavam tão próximos. Passaram os últimos momentos de suas vidas juntos, mas sem saber.
Gonçalo nasceu em Carmo de Minas (MG) e faleceu em São Paulo (SP), aos 79 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela neta de Gonçalo, Natália Silvério. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Cassio de Campos, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 10 de setembro de 2020.