1936 - 2020
Era lúcido, sábio... Passava horas lendo livros.
Um grande pai e um grande homem que lutou muito em sua vida, sempre dedicado aos seus dez filhos e à esposa Raimunda, com quem foi casado durante sessenta e cinco anos.
Ele ainda era apaixonado pela Dona Mundica, que todos os dias faz questão de contar sua história de amor com o marido. Desde quando se conheceram, quando ele era ainda um recruta do exército. São tantas as histórias que, talvez, dessem realmente "um lindo livro", como Gregório costumava falar.
Homem de fibra que, no passado, atuando na antiga SUCAM, ajudou a salvar muitas vidas, cuidando de pessoas infectadas pela malária e orientando no combate ao mosquito.
"Meu velhinho (era assim que eu o chamava), o senhor nos faz muita falta. Eu falei pra mamãe que o senhor mandou um beijão pra ela e que disse que daria tudo certo, que iria voltar pra ela, mas eu sei que ali, já lhe faltava o ar...", lamenta-se a filha Izana, contando sobre a última vez que esteve com ele, que pôde olhar nos olhos do pai; mas que já não pôde mais abraçá-lo e dizer: "paizinho, vai dar tudo certo... Tenha fé, meu pai".
A filha contou ainda que tanto a mãe como os amigos de Gregório chamavam-no de Amoras. Pois bem, o Seu Amoras não saía de casa durante a pandemia, mas tinha o costume de ficar lendo no pátio, sem máscara. Por isso, a filha acredita que ele tenha se contaminado aspirando o ar que vinha da rua.
"Poderia passar horas falando dele. Meu pai, meu orgulho, meu exemplo... um homem de um coração imenso. Quanta falta ele faz pra nós! Ele era o alicerce e a força de toda a família. Obrigada, meu pai, por tudo que fez por nós. Não há um dia que não me lembre do senhor", finaliza Izana.
Gregório nasceu em Marapanim (PA) e faleceu em Belém (PA), aos 83 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela filha de Gregório, Izana Nazaré da Silva Alves. Este tributo foi apurado por Lígia Franzin, editado por Lígia Franzin, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 19 de setembro de 2020.