1987 - 2020
A frase clássica que usava sempre que alguém pedia algum favor era: "Não esquenta!"
Sempre amigo, companheiro para todas as horas. Hamilton era mais conhecido como Fiel, apelido que um amigo lhe deu e que perdurou desde os tempos de cursinho.
Amável, generoso e sempre preocupado com a família.
"Ele era nosso pilar, foi a melhor pessoa que conheci na vida", conta a esposa Mayara, que retrata um marido apaixonado pelo filho Joaquim, de 6 meses, e muito dedicado aos seus cuidados, tanto que não cansava de repetir que eles dois eram o motivo pelo qual ele levantava todos os dias para "ir à luta".
Mayara conta que Fiel era dono de uma paciência tamanha e que era especial demais. Um amigo lhe disse, certa vez, que "Hamilton era mais de Deus do que do homem", e ela concorda. Temente a Deus, o marido sempre fazia sua oração e lia a Bíblia antes do trabalho, encerrando este momento com o pedido: "Deus me dê sabedoria para tomar as decisões certas, dê saúde a minha esposa e ao meu filho que o resto eu corro atrás".
Fiel adorava bater uma bola no fim de semana com os amigos. Curtia tomar uma cervejinha ao som de um reggae ou rock e, às vezes, arranhava um samba das antigas com os amigos do casal.
Amava usar boné e relógio, tinha uma coleção e não vivia sem eles. Também curtia assistir filmes e séries de ficção científica quando estava em casa e brincar com o filho Joaquim. Ao listar essas lembranças, Mayara diz: "Nossa, vai passando um filme! Vivemos nove anos de relacionamento muito felizes. De parceria, companheirismo, cumplicidade e muito, mas muito, amor. Hoje vejo a extensão desse amor no nosso filho".
Além de esposo e pai dedicado, Mayara conta que ele era um filho exemplar e "o melhor genro que os sogros poderiam ter, palavra dos meus pais". Ela faz uma reflexão: "Percebo que meu esposo não era desse mundo. Seu caráter era inigualável. Foi um homem honroso, respeitava muito a história de cada pessoa. Era livre de preconceitos e muito honesto. E tão jovem... Tínhamos uma vida inteira pela frente, inclusive sonhos e planos!"
Entre os planos estava, assim que o filho fizesse 1 ano, comprar uma bicicleta para ele e saírem cedo para dar uma volta na praia. "Ele adorava ver o mar, falava que viajar renovava a alma. Seu sonho era conhecer todo o litoral do nordeste", lembra Mayara.
Cheia de uma saudade "que chega a doer a alma", ela sabe que, por ora, o chão parece ter sumido. Mas a caminhada continua, e assim encerra-se a homenagem: "Nos te amaremos eternamente, meu amor, menino fiel. Seu filho saberá o maravilhoso homem que você foi em vida!"
Hamilton nasceu em Belém (PA) e faleceu na Serra (ES), aos 33 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela esposa de Hamilton, Mayara Pinheiro Leal de Azevedo. Este tributo foi apurado por Mateus Teixeira, editado por Júlia de Lima, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 29 de novembro de 2020.