1960 - 2020
Sua vida era uma dança constante com a felicidade.
Também chamada de Loza, apelido de infância, ou Leninha, Helena teve uma vida profissional cheia de idas e vindas. Trabalhou muito tempo como empregada doméstica. Foi também cobradora de ônibus e anos depois deixou o emprego para acompanhar de perto o crescimento de suas duas filhas, Camile e Caroline.
Helena chegou a montar um restaurante, mas depois o fechou e voltou a trabalhar em casas de família. Em seguida se empregou numa padaria. Mais tarde parou de trabalhar fora para cuidar da mãe, Edite pois a irmã de Helena, que ajudava com a mãe, havia falecido.
Quando conheceu Severino, um novo amor, foi trabalhar com ele no açougue. Mesmo com a correria do trabalho Helena sempre se dedicava a cuidar da mãe, das filhas e do lar.
“Momentos foram muitos e todos únicos. Ela não era só a minha mãe, também foi minha amiga: a melhor amiga que eu tive. Nunca deixou que eu desistisse de nada. Sempre me aconselhou a ser pé no chão e acreditar em Deus”, recorda a filha Caroline.
O encanto com Severino veio depois de um dolorido amor não correspondido. Com Severino, viveu um relacionamento de cinco anos e foi muito feliz, sendo amada como merecia, acalentando o sonho de se casar com ele na igreja.
Era muito católica e amava ir à missa aos domingos de manhã, além de ser fã do Padre Reginaldo Manzotti - não perdia um programa de rádio dele.
Reunião em família era tudo que ela mais gostava. Amava receber as pessoas em casa, cozinhar e dançar. De dançar, especialmente, gostava muito mesmo. Tinha o hábito de ver fotos antigas para recordar os encontros e festas com amigos e parentes, conversando sobre as lembranças do passado.
Os almoços de família, realizados todo domingo, tinham endereço certo: a casa dela. Não importava que a pessoa não gostasse muito de dançar - como era o caso de sua mãe, Edite. Helena puxava para a dança e pedia. Era a animação personificada.
Leninha sempre enxergava possibilidades em meio aos problemas. Era muito alegre e apreciava vinho. Duas taças para ela já eram o bastante. Às vezes bebia uma cervejinha também. Em seu último aniversário comemorou a vida da forma como gostava: com a casa cheia de gente, comida, bebida e muita dança.
Helena era apaixonada pela natureza e pela vida e desfrutou da melhor forma cada segundo que teve. Para ela a beleza da vida estava nas coisas simples. Estar com a família e os amigos era sinônimo de felicidade.
Helena nasceu em Caruaru (PE) e faleceu em Bezerros (PE), aos 60 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Helena, Maria Caroline dos Santos. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Ozaias da Silva Rodrigues, revisado por Fernanda Ravagnani e moderado por Rayane Urani em 27 de julho de 2021.