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Hélio da Motta Veneno

1939 - 2020

Aos 80 anos, ainda esperava cada filho chegar do trabalho para abrir o portão e desejar boa noite.

Dr. Hélio, Dr. Veneno e Dr. Advogado. Formado e pós-graduado.

Se formou em Direito após os 40 anos, depois de dirigir caminhões e ônibus de transporte urbano, durante muito tempo. Neste período, fez muitos trabalhos para os colegas para ter acesso aos livros que eram muito caros para um chefe de família responsável.

Lutou e se formou. Advogou, até o final. Ajudou muita gente e permaneceu sempre ao lado do bem, fazendo de tudo para construir sua família ao lado de Odilia, sua "Dilinha", e seus queridos filhos por quem nutria grande amor.

Mesmo aposentado, aos 80 anos, buscava ainda mais um afazer. Queria um novo emprego porque entendia que ainda precisava ajudar sua família.

Lúcido, esperançoso, inquieto, estudioso e respeitado, era procurado por muitos que precisavam de conselhos. Nos últimos anos, muito espiritualizado, sempre pedia o nome das pessoas para orar por cada uma delas, mesmo sem conhecê-las pessoalmente.

Sempre achava que o dia de amanhã seria melhor... Inclusive, nas semanas que antecederam sua morte, estava orgulhoso de si por ter passado na prova do Detran para renovar sua habilitação.

Ele usava um bigode que adorava sujar com doces de todos os tipos: uma maria-mole, um manjar, um algodão doce, um arroz doce, um pirulito gigante (daqueles de parque infantil) faziam seus olhos azuis brilharem... Seus olhos azuis que eram únicos, de um tom difícil de descrever e de achar comparativos.

Além disso tudo, cultivou em toda a família o amor incondicional por animais... O amor que ele tinha por seus gatos e cachorros, principalmente Chumbinho e Pretinha, além do Pitoco, da Pitoca e da Princesa. Minutos antes de ser levado ao CTI, perguntava sobre o cachorro de um de seus filhos.

“Depois da resposta positiva, seguiu firme na esperança de se curar e continuar aqui com seus amores. Infelizmente, o Covid-19 abreviou a estadia do Veneno, do Hélio Veneno nessa Terra.”, conta sua filha.

Hélio nasceu Rio de Janeiro e faleceu Rio de Janeiro, aos 80 anos, vítima do novo coronavírus.

História revisada por Andressa Cunha, a partir do testemunho enviado por filha Ana Cristian Thomé Veneno Batista, em 18 de maio de 2020.