1936 - 2020
Apaixonado por futebol, ouvia os jogos pelo rádio. Viveu a sabedoria da vida simples e dedicada à família.
Hélio foi o derradeiro entre os cinco irmãos ─ todos Francisco, como ele. Homem de poucas palavras, ensinava por meio do exemplo, da presença e da serenidade.
Trabalhou por muitos anos nas Indústrias Reunidas Fábricas Matarazzo ─ que foi o maior grupo empresarial da América Latina ─, depois trabalhou como taxista. Apaixonado pelo Comercial Futebol Clube, sempre que podia, levava os filhos ao campo do Bafo para ver o time do coração jogar e para comer amendoim. Levava a criançada toda na perua Kombi ou na carroceria do caminhão. Era aquela festa!
Mesmo com a idade avançada, ouvia pelo rádio todos os jogos. Além do Comercial, torcia também silenciosamente pelo Palmeiras. Não se ouviam gritos nem palavrões... era uma concentração só e, às vezes, nenhuma palavra.
"A palavra retidão talvez possa defini-lo", afirma a nora Erika. "Foi um homem que ofereceu sua presença constante, seu companheirismo e sua dedicação total à família. Nada podia faltar aos filhos, netos e bisnetos. O principal era ter um teto, uma casa para morar, onde construíram verdadeiramente um lar, em que respeito, compromisso e gratidão eram as palavras de ordem. Havia sempre tempo para uma prosa e uma moda de viola, uma conversa com um irmão, uma cerveja e um torresminho", complementa a nora.
Viveu a sabedoria da vida simples, sem luxo e sem excessos. Certa vez, deitou-se à tarde; como não era comum, Roberto, seu filho, estranhou. O pai disse que estava com azia e dor no braço. Era um infarto. Foi um susto! O susto ainda se repetiu mais uma vez, mas, apesar das questões cardíacas, o que fez o coração de seu Hélio parar foram as complicações causadas pela Covid-19 e, sobretudo, a partida da esposa, dona Bi, algumas semanas antes.
"Aqui na Terra, seus filhos, netos e bisnetos, noras e genros são gratos por todo o amor, humildade e coragem e nos sentimos orgulhosos de fazer parte da linda biografia que essa família nos deixou. Vai com Deus, sr. Hélio, e que os anjos o acompanhem até sua companheira, dona Bi", despede-se Erika em nome de toda a família.
A história da esposa de Hélio também está neste memorial e você pode conhecê-la ao procurar por Maria do Carmo Medeiros da Silva.
Hélio nasceu em Guapuã (SP) e faleceu em Ribeirão Preto (SP), aos 83 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela nora de Hélio, Erika de Andrade Silva. Este texto foi apurado e escrito por Lígia Franzin, revisado por Paola Mariz e moderado por Lígia Franzin em 16 de fevereiro de 2021.