1926 - 2020
Falante, um tanto desbocada, apaixonada pelo marido e preocupada com os filhos.
Quem via dona Herany sempre com as unhas pintadas e batom vermelho, sabia que, com esta mulher, lavadeira e do lar, força e vaidade caminhavam juntas.
Nascida em Cachoeiro do Itapemirim, lá conheceu Delcides, seu grande amor, com quem se casou e mudou-se para Belford Roxo, na década de 1950. Junto dele, por mais de setenta anos, Herany trabalhou para que fosse possível dar aos 12 filhos, mesmo diante de tanta pobreza, condições de seguirem no caminho do bem. Enquanto pôde, lutou, e lutou de batom na boca e unhas pintadas de vermelho.
Matriarca de uma família enorme, a felicidade dela era estar com seus filhos, netos, bisnetos e parentes. Sua casa sempre foi o ponto de encontro de todos nos finais de semana e feriados.
Essa mulher valente, de coração acolhedor, criou mais do que os 12 filhos. "Passei uma parte da minha infância morando com ela e meu avô, para que meus pais pudessem trabalhar. Lembro-me de muitas vezes ter ficado com medo do escuro ou com saudade dos meus pais e ela, pacientemente levantava da cama e ficava horas conversando comigo, sempre me mostrando que tudo iria melhorar... que eu conseguiria superar. Recordo-me muito dessa paciência e capacidade que ela possuía de fazer com que eu me sentisse melhor, mesmo que ela precisasse ficar horas conversando comigo", conta a neta Alessa.
Acometida pelo Alzheimer, Herany já não reconhecia os familiares nos seus últimos anos de vida, mas por todo o cuidado e amor que ela deu enquanto lúcida, todos permaneceram por perto, cuidando dela. Sem dúvida, sua memória será eternamente preservada entre seus familiares.
Herany nasceu em Cachoeiro do Itapemirim (ES) e faleceu no Rio de Janeiro (RJ), aos 96 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela neta de Herany, Alessa Moreira. Este texto foi apurado e escrito por Rayane Urani, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 18 de novembro de 2020.