1966 - 2021
Com um talento excepcional para ensinar, sabia despertar nos alunos o mesmo encanto que possuía pela leitura.
Iara foi uma profissional ímpar, amava ser professora. Quando começou a trabalhar, utilizou seu primeiro salário para comprar um mimeógrafo. As escolas onde ensinava não contavam com recursos, por isso ela não se importava de utilizar os seus. Depois do mimeógrafo, veio o computador, a impressora, a internet discada, livros e jogos infantis com ela não medindo esforços se fosse para beneficiar seus alunos.
Era defensora do método Paulo Freire, por meio do qual ensinava a partir da realidade do aluno e foi muito bem sucedida na sua trajetória educacional. Com seu jeito inquieto ela nunca parava: saía para trabalhar muito cedo e voltava tarde, e ainda trabalhava em casa e nos finais de semana, corrigindo tarefas, planejando atividades criativas ou atualizando cadernetas.
Ioná, sua irmã e admiradora, conta com respeito e admiração: “Amava quando ela contava suas aventuras nas escolas públicas. Ela vibrava com cada progresso que seus alunos faziam, dizia que cada a aluno era exclusivo, era um mundo e por esse motivo ela os tratava como indivíduos. Eu não sei como, mas ela conseguia fazer adaptações curriculares para seus alunos levando em conta as diferenças de cada um”.
"Quando eu saíamos juntas, sempre encontrávamos ex-alunos chamando-a pelo nome. Ela ficava toda orgulhosa e muitas vezes até chorava de emoção. Seu reconhecimento era legitimado pela trajetória deles que se tornaram profissionais de saúde, educação e tecnologia, muitos deles formados em universidades públicas.”
Os amores de sua vida obedeciam a ordem Deus, família, amigos e a educação. Ela era agregadora, pacificadora, aconselhadora, generosa e muito justa. Lamentavelmente, Iara desenvolveu várias alergias, inclusive asma, por conta do pó de giz e condições trabalhistas insalubres e infelizmente, assim como sua mãe Sônia Maria, ela morreu esperando a vacina que nunca chegou para elas.
“Minha irmã era linda. Ela era pura e total amor. Era filha, irmã, tia e amiga maravilhosa. Tinha um coração enorme, maior que ela e olha que ela era grande, gordinha. Que saudade da sua risada contagiante, da sua alegria de viver, do seu espírito leve, suave, generoso."
A mãe de Iara também foi uma das vítimas da Covid-19. Para conhecer um pouco de sua história acesse a homenagem a Sônia Maria Barbosa da Silva neste Memorial.
Iara nasceu em Olinda (PE) e faleceu em Olinda (PE), aos 54 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela irmã de Iara, Ioná Mariano Barbosa da Silva. Este tributo foi apurado por Lucas Cardoso e Andressa Vieira, editado por Vera Dias, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 5 de outubro de 2023.