1957 - 2020
No campo do coração, o time eram os filhos, a esposa e o seu Corinthians, todos jogando do mesmo lado.
Ilídio era espirituoso e, ao mesmo tempo, na dele. As risadas e o bom humor, assim como o respeito pelo próximo o tornavam uma boa companhia. O Bereu, como era conhecido, não incomodava ninguém.
Adorava uma cervejinha com os amigos. E o bar também era um dos lugares em que ele ia com os filhos, Ilídio Júnior (chamado por ele de Zezão) e Carol (sua Caróis). Era o momento deles falarem sobre a vida de forma leve e passarem momentos inesquecíveis juntos.
Ilídio Júnior nasceu no mesmo dia do pai, 17 de junho. Um presente que prenunciava suas maiores paixões: o menino e a irmã, Carol. Com a esposa, Leila, Bereu amava falar do casal de filhos. Os dois também faziam planos para os negócios que conduziam juntos.
Aliás, parece que a história de Leila e Ilídio foi caprichosamente escrita antes de os dois chegarem a esse mundo. Ele era engenheiro e ela arquiteta. Ilídio tinha o empreendedorismo na veia, enxergava longe, a esposa era mais técnica. Os dois se conheceram em um Carnaval, em Cabo Frio, no litoral fluminense. Ela era do Rio e ele de Uberaba (Minas Gerais).
Mas, contra todas as crenças, o amor de Carnaval subiu a serra, venceu a distância e eles só se separaram quando Ilídio partiu, 38 anos depois. Leila largou o emprego para se casar e viver em Minas Gerais. A arquiteta logo começou a trabalhar na construtora que ela e o marido abriram. Parece que todas as escolhas que eles haviam feito antes facilitaram o caminho para os dois ficarem juntos. Até as profissões casavam: arquitetura e engenharia.
Depois dos filhos, o Corinthians era sua maior paixão. Com o filho, realizou o sonho de conhecer o estádio do time de coração. Ele também amava viver e tinha fé em Deus.
Zero consumista, não gostava de comprar nada. Usava suas roupas até que não tivesse mais jeito. O apego era pela família, pelos amigos, pelas glórias corintianas e pelos bons momentos.
Hoje, o Bereu vive nas dezenas de homenagens que a família gosta de fazer para tê-lo por perto. A família tem um grande arquivo de fotos que é revisitado para lembrar o quanto foram felizes. Ilídio vive na esposa saudosa, no coração dos filhos e em cada vida que fez mais feliz em sua jornada terrena.
Ilídio nasceu em São Paulo (SP) e faleceu em Uberaba (MG), aos 63 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela esposa e filha de Ilídio, por Leila Ferraz Barbosa Ferreira e Carolina Ferraz Barbosa Ferreira. Este tributo foi apurado por , editado por , revisado por Sandra Maia e moderado por Rayane Urani em 3 de fevereiro de 2021.