1972 - 2020
Representou, com amor, os rodoviários de Brasília e cantava uma moda de viola aonde chegava.
Jair Reis era diretor do Sindicato dos Rodoviários do Distrito Federal. Começou como motorista, sempre à frente nos assuntos da categoria, logo foi escolhido para ser o representante no sindicato. Carregava consigo um celular que mais parecia um rádio, pois ficava ligado 24 horas, podia ser sábado, domingo ou feriado, Jair sempre estava ali para atender mais de 12 mil rodoviários de Brasília. Sua bravura era invejável, nunca teve receio de brigar pelos direitos dos trabalhadores, estava presente nos terminais de ônibus, sempre antenado nos problemas da categoria. Se precisasse de greve ou paralisação, Jair estava lá, para tudo tinha uma solução.
“Ele era amado por todos esses rodoviários, porque muitas vezes mantinha o emprego de muitos pais de família”, conta sua amiga Alessandra.
Construiu sua família com muito amor, teve dois filhos lindos do primeiro casamento, Jefferson e Jessica. Do segundo relacionamento teve Eloá. Foi um pai muito dedicado. Alessandra e seu marido eram muito próximos de Jair, encontrando nele um irmão para todas as horas.
Tinha um orgulho enorme em dizer que era de esquerda, falava de política com maestria.
As duas paixões de sua vida eram a sua égua e a música. Nos finais de semana adorava andar a cavalo, seu transporte favorito.
A calmaria do campo, porém, era somente para o dia, Jair adorava um modão, cantava e encantava fazendo shows nos bares da cidade durante a noite.
Um ser humano incrível, de um coração enorme, tinha muitos amigos e fãs. Alessandra conta que aonde Jair chegava, a mulherada queria tirar foto.
Fascinado pelos palcos, adorava ouvir o som dos aplausos e com carinho abraçava todos que apreciavam sua arte, não tinha timidez que o atrapalhasse, até live fez com sua banda. Com a música, levou cultura, conhecimento e entretenimento ao seu público.
Sua viola está afinada no tom da saudade, e na eterna lembrança de sua doce melodia.
Jair nasceu em Miranda (MS) e faleceu em Brasília (DF), aos 48 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela amiga de Jair, Alessandra Almeida. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Beatriz Brito, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 29 de julho de 2020.