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Janaína Vasconcelos de Barros Ferreira

1978 - 2021

Reunia dentro de si uma personalidade firme e forte, sem deixar de ser meiga e doce com quer que fosse.

Janaína era Jana. Irmã mais velha de Juliana e Júnior. Amor da vida de Wallace, seu companheiro. Mãe das duas crianças que trouxe ao mundo: Luiz Felipe e João. Desde jovem ela quis ser mãe e a maternidade foi sua grande realização na vida. Inspirada pela trajetória da própria mãe, ela começou a trabalhar aos 18 anos. Entrou na faculdade, cursou Publicidade e Propaganda e, no final da graduação, já carregava dentro de si o primogênito.

Em 2012, caminhando pelo shopping numa noite de domingo, Janaína não podia imaginar que estava fazendo o seu último passeio com a mãe. A perda da matriarca foi repentina e Janaína teve então que se tornar a fortaleza que fora criada para ser. "Colocou o resto da família embaixo de suas asas e nos acolheu de uma forma que jamais imaginei. Tudo foi menos doloroso porque Jana estava ali", compartilha a irmã, Juliana.

Essa natureza materna, um pai presente e uma rede de outras mulheres queridas, permitiram que Jana proporcionasse ao primeiro filho tudo o que fosse necessário para que ele se tornasse um ser humano digno e independente. "Esses meninos 'vão prestar! As mulheres vão querê-los como maridos" — era o que Janaína sempre dizia.

Janaína era parte de uma teia formada por outras tantas mulheres protagonistas de suas próprias vidas. Assim como podia contar com essas mulheres à sua volta, todos podiam contar com ela também, até mesmo para trabalhos voluntários.

Depois do nascimento do caçula, João, Jana decidiu dedicar-se plenamente à maternidade: amamentou o pequeno até quase dois anos e acompanhava todos os deveres da escola; mas isso não significou renunciar à sua independência financeira. Jana intercalava os cuidados com as crianças com o ofício de fazer doces, aprendido com a Tia Solange, irmã da sua mãe, no Ceará.

Entre pudins, brownies e bolos, Janaína se fazia mãe, esposa, filha e irmã confidente de Juliana. Unidas elas cresceram e juntas aprenderam o valor genuíno da gratidão. Na memória, Jana deixa marcado o seu jeito único de fazer as pessoas se sentirem capazes de fazer qualquer coisa; e seu sorriso, que brotava frouxo com seus olhos brilhando: ora cor de mel, ora verdes ao sol.

Janaína nasceu em Manaus (AM) e faleceu em Manaus (AM), aos 42 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela irmã de Janaína, Juliana Vasconcelos de Barros. Este tributo foi apurado por Juliana Padilha Jota Azevedo, editado por Juliana Padilha Jota Azevedo, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 3 de novembro de 2021.