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Joana de Sousa Reis

1931 - 2020

Para falar de Joana, que sempre lembrem de Domingos e da família que construíram em 72 anos juntos.

Joana foi guerreira. Queria que a família sempre estivesse junta e se preocupava com todos. Era tão ativa que estava à espera dos 90 anos do marido, Domingos, e da festa que fariam no mês de agosto. Domingos e a filha mais nova, Janete, compartilhavam o mês.

O casal se conheceu muito cedo, na cidade de Água Branca. Passaram a vida inteira por lá. Foram 72 anos de casados. Filhos, netos e bisnetos surgiram da união. Todos muito amados. Todos com muitas lembranças.

Quando Domingos e Joana passaram por dificuldades financeiras, nunca desistiram. Sabiam que tinham de ser fortes e assim o foram. Lutaram e cuidaram um do outro. Eram felizes demais na união construída praticamente na adolescência.

Foram unidos de tal maneira que os dois foram diagnosticados com a Covid-19. Em ambulâncias separadas, viajaram para Teresina e foram hospitalizados. Não tinham contato com a família e sequer um com o outro, mas o fio de vida que interligava os dois continuou forte demais.

Se um melhorava, o outro melhorava. Se havia piora, tinha que ser para os dois. É como se um fosse o ponto de apoio do outro através daquela ligação de amor. Joana faleceu primeiro. Domingos aguentou pouco a saudade e também partiu. Estão juntos para sempre na lembrança, neste memorial e no céu. Como sempre.

Para conhecer a história de Domingos, visite a página de Domingos Pereira da Silva.

Joana nasceu em Regeneração (PI) e faleceu em Teresina (PI), aos 88 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Joana, Janete Maria Silva Sousa. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Josué Seixas, revisado por Luiza Carvalho e moderado por Rayane Urani em 8 de junho de 2020.