1939 - 2020
Entre o nascimento e a morte temos um curto espaço que é o presente. Para ele, foi uma dádiva.
João Alcino era conhecido no bairro Rio Tavares, em Florianópolis como Cem, Bahia ou Pingo. Taifeiro, da Força Aérea Militar, deu de comer a muita gente, porque tinha uma relação única com a comida e com as pessoas. Pra ele, todos eram seus amigos. Toda cidade sabia que ele estava chegando quando ouvia um "Oh, amigo! Saúde e Paz!"
Era homem do mar. Fazia sua tarrafa, comia seu camarão, sua tainha, mas não podia ser desacompanhado. Gostava de gente. De conversa. De riso.
Teve e deixou uma família grande. Quis ajudar todos de sua maneira.
Devoto de Santa Catarina, nos seus piores momentos sabia que poderia contar com sua fé. E com sua Flor, esposa com quem permaneceu por pouco mais de cinquenta anos, e viveu intensamente.
Ele, que já havia descoberto uma leucemia, acabou, como diria o personagem Chicó em "O Auto da Compadecida", encontrando-se com seu final irremediável.
João nasceu em Florianópolis (SC) e faleceu em Florianópolis (SC), aos 81 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela neta de João, Eduarda Gonçalves Cabral. Este texto foi apurado e escrito por Lígia Franzin, revisado por Mateus Teixeira e moderado por Rayane Urani em 13 de janeiro de 2021.