1948 - 2020
Joca era paraibano, botafoguense arretado e completamente apaixonado pela família.
Pai de dois filhos, marido e avô dedicado de dois netos. Viveu com plenitude o papel de avô babão; os dois meninos carregam seu nome: João Benício e João Gabriel. Era um leão quando se tratava de proteger a família Não havia água com açúcar que o acalmasse. Aposentado, ainda trabalhava na única empresa em que esteve por mais de vinte anos, em Manaus.
Querido por muitos e conhecido por sua tranquilidade, serenidade e coração gigante, Joca curtiu muito a vida, em todos os sentidos. Quando jovem, era muito festeiro. Foi completamente apaixonado por futebol a vida toda, principalmente pelo glorioso Botafogo, seu time do coração. Repassou essa paixão intensa ao filho mais velho, Fabiano. Deixava qualquer compromisso de lado para assistir aos jogos da equipe da Estrela Solitária. Além disso, adorava uma boa cervejinha e churrascos com a família aos domingos.
No trabalho, era um homem exemplar, organizado e responsável. Tinha mania de chegar antes do horário e, quando era o momento de ir embora, guardava tudo em suas gavetas e esperava o toque da sirene. Usava uma pedra do jarro de plantas de sua esposa Maria Lucivanda, a Vanda, como peso de papel. De tanto ficar sobre seus documentos, João Batista apelidou-a de ‘pedra de estimação’. Era um símbolo, um pedaço de sua família e do amor que dela emanava.
Era tão pontual na chegada à casa que, se passasse do horário, dona Vanda já se preocupava. Homem apaixonado e carinhoso, precisava de poucos goles para cantar suas declarações amorosas para a mulher, não importando se estavam em público ou em privado. Chegou a fazer isso na frente de todos em João Pessoa. Subiu no palco de um restaurante, pegou o microfone emprestado do cantor e se desmanchou em amores para a esposa. Foi um casamento de mais de 30 anos, no qual a paixão se mostrava de diversas formas, do gesto mais singelo ao mais grandioso.
Um dos momentos mais marcantes foi quando teve a oportunidade de viajar com sua esposa para a Disney, em Orlando. Virou criança de novo. Divertiu-se imensamente nos parques, encantado com os personagens e com o lugar. Ao voltar para casa, contava elogiosamente sobre seus passeios ao restante da família.
Novela e Big Brother Brasil eram seus entretenimentos prediletos. Era rotina: chegava em casa do trabalho e logo em seguida se acomodava em frente à televisão para assistir a novela do momento. Passou esse gosto para a filha, Fabíola, que tornou-se espectadora também. Se tratando de BBB, assistiu todas as edições. Apegava-se aos participantes, torcia e se emocionava.
Seu João deixa um grande legado. E como canta Almir Sater em ‘Tocando em Frente’, sua música favorita: “Cada um de nós compõe a sua história, cada ser em si carrega o dom de ser capaz, e ser feliz”. Joca compôs sua história e, por meio dela, foi capaz de viver feliz. Para trás, deixa uma trilha única de lembranças reconfortantes e recheadas de amor e saudades.
João nasceu em Sapé (PB) e faleceu em Manaus (AM), aos 71 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de João, Fabíola Oliveira. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Ana Beatriz Fonseca, revisado por Daniel Schulze e moderado por Rayane Urani em 20 de agosto de 2020.