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João Borges de Oliveira

1950 - 2020

O abraço carinhoso era seu jeito de sentir e demonstrar carinho.

João foi um homem batalhador. Em 2017, venceu um câncer de bexiga e, apesar da baixa visão em decorrência do diabetes, gostava muito de passear na casa dos parentes e sair para fazer compras.

Bom de prato, Borges ou Bolinha, como o conheciam, comia de tudo, porém tinha predileção por carne de porco.

Conta a filha Sônia que o estofador aposentado possuía o hábito de narrar suas histórias de infância com os irmãos. "Eu adorava sentar pra tomar um café e escutar seus causos", relembra.

Sônia descreve Borges como um pai, avó e filho maravilhoso, e diz que ele sonhava com um futuro promissor para os netos, suas maiores paixões. "Estamos sentindo muito sua falta".

O avô coruja costumava chamar cada um dos quatro meninos por "neto querido", já a única menina era sua "Pimpim" ou "princesa do vô". A ela, vovô Bolinha ensinou a ouvir e gostar de Elvis Presley.

O cantor norte-americano figurava entre suas preferências musicais, junto com o pessoal da Jovem Guarda e Rita Pavone. Do sertanejo raiz, outro gênero que apreciava muito, a dupla Milionário e José Rico ocupava o topo da lista.

João partiu sem saber que a esposa estava lutando pela vida numa UTI. Após oito dias, ela veio a falecer. Mas, certamente, ele sabia sentir e demonstrar carinho pelas pessoas através do seu abraço de urso. E assim merece ser lembrado.

A história da esposa de João também está guardada neste memorial, e você pode conhecê-la ao procurar Maria Helena Alves de Oliveira.

João nasceu em Curitiba (PR) e faleceu em Curitiba (PR), aos 69 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de João, Sônia Mara Alves Olivete. Este tributo foi apurado por Thaíssa Parente e Hélida Matta, editado por Mariana Quartucci, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 19 de dezembro de 2020.