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João Brazão da Silva Neto

1943 - 2020

Amapaense e ribeirinho do Aporema, sempre ensinou que os estudos são as portas para o mundo.

Esse ribeirinho amazônida, filho de Raimundo Pantoja da Silva, pecuarista, e de Dirce dos Reis Silva, dona de casa, foi criado desde um ano de idade pelos avós, herdando o nome de seu avô, João Brazão da Silva.

Quis o destino que João nascesse no Dia do Engenheiro, talvez como um presságio da profissão que escolheria no futuro: Engenheiro Mecânico e de Produção. Mas João foi além, e dando sinais cada vez mais claros do seu caminho na Educação, também se formou em Engenharia Civil, Matemática e Física, e Direito.

Brazão viveu intensamente a sua infância no interior de Aporema até os 8 anos, e costumava se lembrar, inclusive, da primeira vez que andou de carro e gritou "Vamos alagar!", assim que percebeu que o carro passava por uma grande poça d’água. Também pudera, já que até então, só tivera contato com as canoas que utilizava para trafegar nos rios e igarapés do Araguari.

Ainda antes da idade escolar, João foi alfabetizado pela sua avó, que mesmo cega cumpriu com louvor a sua missão. A ligação da família com os estudos continuou, na medida em que, na casa dos seus avós passou a funcionar a Escola Isolada de Aporema, onde Brazão teve a oportunidade de estudar as duas primeiras séries. "Uma infância ribeirinha, mas sempre voltada para os livros", conta Alexandre, neto de João.

Memórias desta época podem ter incentivado João Brazão da Silva Neto a se tornar professor no ex-Território Federal do Amapá e no Colégio Amapaense, com notáveis avanços no ensino da Matemática e da Física no Curso Científico desta Unidade Escolar. "Ele sempre disse que o maior orgulho nesses 70 anos de vida foi ter sido professor, tendo sido pioneiro na implantação do primeiro Cursinho Pré-Vestibular público no Amapá", relembra Alexandre.

Brazão aposentou-se como professor da Universidade Federal do Amapá, onde foi o primeiro Reitor eleito pelo voto, exercendo a função por quatro anos (2002/2006).

João Brazão da Silva Neto faleceu deixando uma família grande, saudosa de suas piadas, das ligações às 6 horas da manhã nos dias de aniversário, e dos ensinamentos diários sobre todas as matérias que estudou na vida.

Dentre as muitas lições deixadas, Brazão foi a prova viva de que os estudos são as portas para o mundo.

João nasceu em Aporema (AP) e faleceu em Macapá (AP), aos 76 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pelo neto de João, Alexandre Brazão Creão. Este tributo foi apurado por Malu Marinho, editado por Fernanda Queiroz Rivelli, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 2 de agosto de 2020.