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João Paulo Blumer Fanal

1986 - 2020

Corintiano de coração, o astro das piadas inocentes, do riso frouxo e da maior habilidade humana: unir pessoas.

João era sinônimo de jovialidade, era o dono do riso frouxo, da gargalhada solta e cheia de vida, o melhor contador de piadas - quase sempre sem graça -, mas das quais ele próprio ria sempre.

Dono de gostos peculiares como amar comer arroz e macarrão crus, que adorava o Sérgio Malando e que morria de rir com o tal comediante. Só mesmo uma pessoa de coração muito inocente para dar risada do Sérgio Malandro, não é mesmo?

João era aquele que amava crianças e o inverso também ocorria com a maior naturalidade do mundo porque ele as encantava. Ele adorava os amigos e estar junto deles, era impossível não se aproximar e se apaixonar por sua simplicidade, aliás não havia quem não gostasse dele. Dentro do ambiente de trabalho, era um bom funcionário; aquele que tratava os seus superiores, colegas e clientes como amigos. Para ele não existia uma subdivisão e uma separação entre as pessoas, todos eram amigos.

Dentro do futebol, era o único corintiano que conseguia ter os melhores amigos palmeirenses, são paulinos e flamenguistas, sem ter atritos, muito menos sem abalar a amizade. Ao contrário, caso seus amigos viessem a perder o jogo, ele lhes passava um relatório detalhado da partida sem nenhum problema.

Inclusive, um dia ele chegou em casa rindo da forma que só ele sabia e dizendo: “Sabe o que me disseram hoje? Que não posso ser tão bonzinho porque os bonzinhos vão embora cedo. Vê se isso combina com um corintiano?!” E mesmo falando algo que abordava uma temática séria como a morte, ele conseguia deixá-la mais leve e finalizou a brincadeira rindo, daquela forma que apenas ele sabia e que tanto cativava a todos, pois era o que ele fazia de melhor.

"Mas sabe o que João amava acima de tudo? A sua família. Foi aquele filho exemplar, que honrou seus pais, que adorava demonstrar seu amor 'incomodando' seus irmãos com carinhos e que possuía uma imensa devoção por mim, sua esposa. Não tenho dúvidas de que você seria o melhor pai do mundo para a nossa Lavínia, a quem você já apelidava de 'Lavinha' apenas para me tirar do sério. Aqui, fica apenas a saudade, de um jeito tão louco e profundo que rasga o peito e a alma. Sinto e sempre irei sentir falta do seu carinho e amor, do meu melhor amigo, companheiro e do meu parceiro de todas as horas, do meu marido. Tenho certeza que não é um adeus; e sim, um até breve. Ainda irei te abraçar num lugar onde não existe choro, onde não existe tristeza, dor e nem despedidas. Para sempre vou te amar, meu João. E dentro de mim, existe um alívio por saber que disso, você tinha certeza, meu amor. E olha, que privilégio foi o meu de ter sido a sua companheira e de ter partilhado e vivenciado tantos momentos incríveis ao seu lado. Te amarei além do pra sempre."

João nasceu em São Paulo (SP) e faleceu em Jaraguá do Sul (SC), aos 34 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela esposa de João, Geise Correia Coelho. Este tributo foi apurado por Lígia Franzin, editado por Emmanuelle Alves Santos, revisado por Ana Macarini e moderado por Emmanuelle Alves Santos em 15 de fevereiro de 2021.