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João Roque da Silva

1923 - 2020

Era sinônimo de simpatia. Amava bater perna, contar causos e tomar um bom chá de capim-santo.

Adorava passear, vivia batendo perna pelas ruas de Recife. Gostava de um bom papo e, vez ou outra, em seus passeios, acabava conversando com um desconhecido até que esse já não fosse mais tão desconhecido assim.

Paquerador como era, casou com Neuza. O casamento resultou em cinco filhos, oito netos e quatro bisnetos. Foi um bom pai, um ótimo avô e um incrível bisavô. Gostava de visitar seus irmãos que moravam no interior. Amoroso, João se gabava dizendo que tinha uma família muito linda.

João era um ótimo contador de causos. Contava as histórias como se todos conhecessem ─ mesmo não conhecendo ─, o fulano que era casado com a dona sicrana, filha do seu beltrano. Trabalhou desde muito jovem em vários empregos diferentes. Não teve muito estudo, mas o pouco que possuía bastava para que pudesse ler, o que adorava fazer.

Fazia parte de um grupo de idosos onde se exercitava; nadava na praia e viajava pelo litoral. Gostava de chá de capim-santo (erva-cidreira) e de ouvir rádio. Era honesto e carinhoso. Mesmo desconfiado, gostava de ajudar as pessoas a sua volta.

Seu João deixa aqui uma família cheia de saudade, e amigos que sempre se lembrarão de seu jeito único. Enquanto isso, deve estar passeando por aí com sua xícara de chá.

João nasceu em Carpina (PE) e faleceu em Recife (PE), aos 96 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela neta de João, Ticiana Roque da Silva. Este tributo foi apurado por Lígia Franzin, editado por Bárbara Aparecida Alves Queiroz, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 4 de dezembro de 2020.