Sobre o Inumeráveis

Joaquim de Almeida Camargo Junior

1981 - 2020

Palmeirense que amava tanto ir com a família para a Canção Nova, que, quando iam, ele não queria nem voltar.

Esposo da Rosana, pai da Maria Eduarda e do João Guilherme. Junior da Rádio, Junior da Câmara ou, simplesmente, Juninho.

Foi um homem muito honesto e íntegro. Em sua caminhada, trabalhou como atendente em mercado, em farmácia, foi assessor parlamentar, autônomo e tinha formação em jornalismo. Era proprietário de um dos jornais da cidade.

Um ser humano que dedicou sua vida para cuidar, curtir e amar a sua família, que pra ele era mais que prioridade, eles se divertiam muito juntos. Se você quisesse deixá-lo feliz, era só convidar para ir ao sítio, para assistir filmes ou tomar uma cervejinha. Era um ótimo companheiro, topava absolutamente tudo. Tinha mania de roer as unhas e amava dormir, mas a sua maior mania era estar pertinho da sua família. E Juninho recebia o mesmo amor que dava para eles; o vínculo e o afeto eram mais que recíprocos.

Querido pelos seus amigos, Juninho era aquela pessoa presente, muito empático e altruísta, sempre atento e disposto a ajudar quem precisava.

Será sempre lembrado como uma ótima pessoa, extremamente bondosa e generosa. Um homem apaixonado pela família e que deixou um lindo legado.

“O padre da nossa paróquia disse que ele foi um dos maiores profetas que já passaram pela nossa cidade”, conta sua filha, Maria Eduarda, que também relata a últimas palavras que o pai disse para eles: “Sejam fortes. Amo vocês!”

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O relato abaixo é da jornalista Bianca Ramos, voluntária no Memorial Inumeráveis, que teve a honra e o prazer de trabalhar com Joaquim:

“Proprietário de um dos jornais da cidade, quando deu a mim a oportunidade de ser uma das colunistas do seu jornal, abriu não só a porta, mas também fronteiras e, principalmente, deu a chance de tentar abrir mentes. Foi uma honra, pois pela primeira vez tive meus textos publicados em um jornal.

Ele sempre me dizia que eu poderia publicar o que eu quisesse na minha coluna e que me dava total liberdade para isso. Graças a essa abertura, pela primeira vez na história da nossa cidade, um jornal publicou sobre as causas LGBTQI+. Ele mesmo dizia que existem coisas que não há dinheiro que pague; e é dessa forma que sinto, com uma gratidão que vai muito além do que qualquer dinheiro desse mundo possa pagar.

Serei eternamente grata por tudo que ele fez por mim, por todas as vezes que veio até o portão da minha casa para deixar o jornal mensal. Grata também por todas as vezes que ele foi pronto a me ajudar nas mais diversas causas e necessidades. Inclusive ajudou-me a divulgar o Memorial Inumeráveis, logo que entrei como voluntária.

Inumerável, inesquecível e muito querido, Juninho. Também me disse, em uma das nossas conversas, que quando lia os meus textos ficava pensativo, fazia ele refletir sobre a vida e suas vertentes; fazia bem para ele ler os meus textos. Mas quem nos fez bem mesmo foi ele, nos fez muito bem. Era daquelas pessoas que plantam sementinhas do bem por onde passam e, com certeza, essas sementinhas ainda vão dar muitos frutos.

Gratidão por tudo que fez e significa, pela confiança dele em mim e pela amizade. Que ele esteja em paz e com Deus.”

Joaquim nasceu em Ribeirão Branco (SP) e faleceu em Itapeva (SP), aos 38 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Joaquim, Maria Eduarda Camargo e pela amiga e jornalista desta história, Bianca Ramos. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Bianca Ramos, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 13 de setembro de 2020.